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Prisão de consultor do FMI é vista como estratégia de Duhalde

Por Agencia Estado
Atualização:

A prisão do consultor fiscal do Fundo Monetário Internacional (FMI), Jorge Baca Campodónico, em Buenos Aires, foi vista em alguns setores do FMI e do mercado como uma jogada do governo de Eduardo Duhalde para debilitar a fiscalização do organismo na Argentina. Em março, o FMI enviará a primeira missão para acompanhar os números do governo e o cumprimento do acordo assinado recentemente. Segundo uma fonte do governo, a versão estaria sendo difundida pela chefe do Departamento Fiscal do FMI, a ex-responsável pelo caso argentino, Teresa Ter-Minassian. O consultor fiscal trabalha sob as ordens de Teresa, quem teria expressado ao governo, o "mal-estar" provovado pela prisão de seu funcionário. O governo, no entanto, nega esta possibilidade ao justificar que Campodónico foi detido pela Interpol e por ordem da justiça do Peru. O ex-ministro do governo peruano de Alberto Fujimori, é procurado pela Justiça de seu país por corrupção, associação ilícita, ocultamento de provas e fraude processual. Ele foi detido na última quinta-feira e solto no sábado passado, depois de pagar uma fiança de 35 mil pesos. Baca Campodónico é acusado de ter instrumentado um registro de contribuintes, com a qual o chefe de Inteligência do Peru, Vladimiro Montesinos, aperfeiçou sua rede de corrupção e controle. Também foi acusado de preparar o decreto secreto de compra de aviões de combate, numa operação em que desapareceram vários milhões de dólares dos cofres públicos. Campodónico se encontrava no país, desde a última segunda-feira, como parte da missão do FMI para conselhar o governo argentino sobre a melhor maneira de combater a evasão fiscal. A missão, segundo a fonte do governo, continuará trabalhando com os técnicos do Ministério de Economia e ainda não recebeu nenhum aviso sobre a substituição de Campodónico. A fonte, entretanto, considera que o óbvio é que a missão seja substituída porque o mal-estar já foi instalado e a credibilidade da mesma já está afetada. Na justiça argentina deu-se início à tramitação do pedido de extradição de Jorge Baca Campodónico e, até que saia a decisão, não poderá deixar a Argentina. Ontem, o deputado argentino socialista, Oscar González, pediu ao governo que o considere ?persona non grata? e que "deve expulsá-lo imediatamente, assim como concluir o trâmite do processo de extradição iniciado pela justiça peruana". O deputado distribuiu uma nota afirmando que "a simples presença de Jorge Baca Campodónico como integrante da missão do FMI que auditará as contas argentinas é insultante para um país que ainda conserva sua soberania". Baca foi funcionário de Fujimori durante vários anos, sempre em cargos chave: diretor da Receita Federal peruana e ministro de Finanças. Seis meses depois deixou o cargo para ser o representante do governo junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), posição ocupada até a fuga de Fujimori. Logo conseguiu emprego no FMI, onde há um ano, em Miami, foi detido. Mas seu passaporte vermelho, herança do governo Fujimori, que concede imunidade diplomática o salvou. Desta vez, Baca Campodónico não apresentou o passaporte azul celeste das Nações Unidas, utilizado pelos funcionários do FMI e que não concede imunidade diplomática, como o fez em sua detenção na Argentina. Apesar da ordem de captura internacional, o técnico realizou várias missões fiscais do FMI, considerado um expert em combater a evasão fiscal. O assunto deverá esquentar novamente a relação entre o governo argentino e o FMI, nesta semana.

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