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Prisão de Carlos Ghosn é prorrogada após novas denúncias

Brasileiro teria tentado transferir US$ 16,6 milhões em perdas de investimentos pessoais para as contas da Nissan, decorrentes da crise de 2008

Por AFP e EFE
Atualização:

TÓQUIO - A Promotoria de Tóquio anunciou nesta sexta-feira, 21, novas acusações contra o brasileiro Carlos Ghosn, ex-presidente da Nissan. A nova denúncia se baseia em uma suposta “violação de confiança agravada”, que poderia ter prejudicado a Nissan. Com isso, Ghosn é alvo de uma nova ordem de prisão, o que prorrogará sua detenção até o dia 1º de janeiro de 2019.

O executivo brasileiro Carlos Ghosn, preso no Japão acusado de fraude financeira na Nissan Foto: Regis Duvignau/Reuters

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Segundo a nova acusação, que se soma a outras duas anteriores com mandatos de prisão distintos, Ghosn teria tentado transferir 1,85 bilhão de ienes (US$ 16,6 milhões) para as contas da Nissan por perdas em investimentos pessoais, devido à crise financeira que eclodiu em 2008. No entanto, quando o regulador do mercado de ações informou o banco envolvido nas transferências sobre a ilegalidade dessas intenções, Ghosn decidiu recuar.

No documento, a acusação não identifica as empresas ou intermediários envolvidos e diz que os termos foram definidos em outubro de 2008, com a intenção de que os pagamentos fossem feitos para uma terceira pessoa, de junho de 2009 até março de 2012, por uma filial da Nissan e por somas que chegam a US$ 14,7 milhões. O brasileiro foi detido no dia 19 de novembro, sob a acusação de fraude fiscal, e desde então está em uma prisão no norte de Tóquio. O executivo de 64 anos foi acusado de ter omitido em suas declarações de renda quase 5 bilhões de ienes (US$ 44 milhões), entre 2010 e 2015. Ghosn, que nega as acusações, também é suspeito de ter repetido a fraude, entre 2015 e 2018, totalizando 4 bilhões de ienes (US$ 35 milhões), o que havia provocado uma primeira prorrogação do período de detenção. Além das acusações de não ter declarado sua renda, a Nissan afirma que seu ex-presidente utilizou ilicitamente residências de luxo pagas pela empresa ao redor do mundo.

Fachada do Centro de Detenção de Tóquio, onde Carlos Ghosn está detido Foto: Kimimasa Mayama/ EFE

A Nissan também é investigada como pessoa jurídica, já que a Promotoria suspeita da responsabilidade da empresa. A detenção de Ghosn, porém, resultou de uma investigação interna da Nissan, que forneceu os relatórios incriminatórios às autoridades da Bolsa.  Há a possibilidade de que os advogados de Ghosn apresentem um pedido de fiança nas próximas horas. Mas com o anúncio de que a promotoria está ampliando as acusações contra ele, a imprensa local descarta a possibilidade de Ghosn deixar a prisão para passar as festas de final de ano ao lado de seus familiares. /AFP e EFE

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