Numa visão realista, privatização da Eletrobras não deve sair em 2022; leia análise

Aceitar esse entendimento é difícil para o governo, porque significa dupla derrota: o Tesouro não terá o reforço de caixa esperado e a campanha à reeleição de Bolsonaro seguirá sem uma grande privatização para chamar de sua

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Por Irany Tereza
2 min de leitura

Apesar de o governo ainda não admitir, estão perto de zero as chances de a privatização da Eletrobras ocorrer dentro do prazo permitido para que os dados financeiros da empresa no quarto trimestre de 2021 sirvam de base para os cálculos da operação de capitalização. Este novo empurrão no calendário elimina a possibilidade de conclusão do processo até 13 de maio.

Depois desse prazo, o mercado ficará mais restrito. A insistência em manter a capitalização para agosto – de acordo com fontes, a segunda alternativa posta à mesa – torna a chance de levantar R$ 30 bilhões, como prevê o governo, praticamente nula. Ou seja, numa visão realista, já dá para admitir que a capitalização da companhia, que levaria à diluição da participação estatal e à entrada de acionistas privados, não ocorrerá em 2022.

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Privatização da Eletrobras:novo empurrão no calendário elimina a possibilidade de conclusão do processo até 13 de maio. Foto: Brendan McDermid/Reuters

Mas aceitar esse entendimento é difícil para o governo, porque significa uma dupla derrota: primeiro, o Tesouro não terá o reforço de caixa esperado num ano fiscal particularmente ruim; segundo, a campanha à reeleição de Jair Bolsonaro seguirá sem uma grande privatização para chamar de sua.

Sobre a questão do caixa federal, é bom lembrar que o descrédito sobre a conclusão da operação em ano eleitoral ficou claro quando o Orçamento de 2022 foi aprovado pelo Congresso sem incluir a estimativa de arrecadação com a venda. 

Mesmo que o ministro Vital do Rêgo, do TCU, não tivesse pedido vista do processo, as etapas a serem cumpridas já estavam com prazo superapertado. Por exemplo: a realização de assembleia-geral de acionistas da Eletrobras para aprovar a operação estava marcada para esta sexta-feira. Na segunda-feira, ocorreria a publicação do formulário 20F na Securities and Exchange Commission (SEC) exigido para todos os emissores privados estrangeiros.

Como a Eletrobras tem ações negociadas em Nova York, o órgão regulador norte-americano precisa examinar e aprovar o documento que alinha os relatórios das empresas aos padrões usados na Bolsa de Nova York. De acordo com fontes, a SEC já havia alertado o BNDES, responsável pela execução e o acompanhamento de todo o processo de desestatização, sobre o tempo exíguo para o cumprimento das etapas da capitalização. 

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*COLUNISTA DO BROADCAST 

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