Diante de reclamações feitas por consumidores sobre a diferença entre os descontos anunciados e os realmente oferecidos na promoção Black Friday, o Procon-SP notificou sete grandes varejistas brasileiras cobrando explicações sobre os preços praticados ontem. Estão na lista grandes empresas como Extra (lojas física e virtual), Ponto Frio, Submarino, Walmart, Fast Shop, Americanas.com e Saraiva.O Procon não foi o único a perceber que algumas empresas não estavam cumprindo o compromisso de descontos ousados durante a Black Friday. O próprio organizador do evento, o site Busca Descontos, baniu 500 anúncios por maquiagem de preços. A empresa também será notificada pelo órgão de defesa do consumidor para informar quais são os varejistas retirados da promoção, para que eles também sejam investigados.O Busca Descontos, que registrou a marca Black Friday e iniciou a promoção do dia de compras em 2010, criou um link para que os consumidores denunciem ofertas que consideram enganosas. O fundador do Busca Descontos, Pedro Eugenio, disse considerar a prática de ofertas falsas "lamentável".Para Eugenio, a maquiagem de descontos é um "tiro no pé" dos varejistas, já que eles têm sua reputação danificada por tentar enganar o consumidor. No entanto, nas redes sociais, os internautas colocaram em xeque a imagem do evento como um todo. No Twitter e no Facebook, as conversas apelidaram a versão brasileira da Black Friday americano de "Black Fraude" e disseram que ontem foi o dia de comprar "tudo pela metade do dobro do preço".O fundador do Busca Descontos disse, porém, que a maior parte das empresas participantes praticou descontos reais. "O varejista que fez o evento direito vendeu bem", afirmou Eugenio, referindo-se a companhias que divulgaram ontem balanços preliminares mostrando que as vendas pelo menos dobraram em relação ao Black Friday do ano passado (leia mais abaixo).Alerta. O Procon afirmou que o consumidor deve sempre desconfiar de eventos que prometam descontos altos demais. No caso da Black Friday, o conselho é especialmente válido, já que o comércio nacional não tem nenhuma tradição de promover queimas de estoque justamente no momento em que se prepara para as vendas de Natal. Na Black Friday do ano passado, o Procon autuou cinco empresas por práticas consideradas lesivas aos consumidores."Em dias de superofertas como a Black Friday, o conselho do Procon é sempre manter a luz amarela acesa e desconfiar", disse o chefe de gabinete do Procon-SP, Carlos Coscarelli. Ontem, muita gente já aderiu à prática, já que a Black Friday é uma data associada especialmente ao comércio online. Usar a internet para pesquisar preços, especialmente com os dos dias anteriores à promoção, é uma arma importante. "Temos denúncias que mostram que os preços praticados durante a Black Friday já foram oferecidos há algumas semanas, em ofertas anteriores", diz Coscarelli. "Os preços subiram para voltar a cair. Ou seja: praticou-se um falso desconto."O Estado entrou em contato com todas as empresas notificadas ontem pelo Procon. A Saraiva informou que ainda não havia sido notificada pelo órgão de defesa do consumidor. A Americanas.com e o Submarino informam que os preços praticados ontem representavam promoções reais. "Os descontos oferecidos na Black Friday foram negociados especialmente para o evento", disse a B2W, que controla as duas companhias, em comunicado. As redes Extra e Ponto Frio, ambas pertencentes ao Grupo Pão de Açúcar, negaram qualquer manipulação de valores nas ofertas e se disseram dispostas a responder quaisquer queixas de consumidores.As demais varejistas não se pronunciaram até o fechamento desta edição.