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Procon investiga irregularidades na Black Friday

Sete grandes varejistas foram notificadas após órgão de defesa do consumidor receber denúncias de 'maquiagem' de preços

Foto do author Fernando Scheller
Por Fernando Scheller , Marina Gazzoni , Victor Vieira e
Atualização:

Diante de reclamações feitas por consumidores sobre a diferença entre os descontos anunciados e os realmente oferecidos na promoção Black Friday, o Procon-SP notificou sete grandes varejistas brasileiras cobrando explicações sobre os preços praticados ontem. Estão na lista grandes empresas como Extra (lojas física e virtual), Ponto Frio, Submarino, Walmart, Fast Shop, Americanas.com e Saraiva.O Procon não foi o único a perceber que algumas empresas não estavam cumprindo o compromisso de descontos ousados durante a Black Friday. O próprio organizador do evento, o site Busca Descontos, baniu 500 anúncios por maquiagem de preços. A empresa também será notificada pelo órgão de defesa do consumidor para informar quais são os varejistas retirados da promoção, para que eles também sejam investigados.O Busca Descontos, que registrou a marca Black Friday e iniciou a promoção do dia de compras em 2010, criou um link para que os consumidores denunciem ofertas que consideram enganosas. O fundador do Busca Descontos, Pedro Eugenio, disse considerar a prática de ofertas falsas "lamentável".Para Eugenio, a maquiagem de descontos é um "tiro no pé" dos varejistas, já que eles têm sua reputação danificada por tentar enganar o consumidor. No entanto, nas redes sociais, os internautas colocaram em xeque a imagem do evento como um todo. No Twitter e no Facebook, as conversas apelidaram a versão brasileira da Black Friday americano de "Black Fraude" e disseram que ontem foi o dia de comprar "tudo pela metade do dobro do preço".O fundador do Busca Descontos disse, porém, que a maior parte das empresas participantes praticou descontos reais. "O varejista que fez o evento direito vendeu bem", afirmou Eugenio, referindo-se a companhias que divulgaram ontem balanços preliminares mostrando que as vendas pelo menos dobraram em relação ao Black Friday do ano passado (leia mais abaixo).Alerta. O Procon afirmou que o consumidor deve sempre desconfiar de eventos que prometam descontos altos demais. No caso da Black Friday, o conselho é especialmente válido, já que o comércio nacional não tem nenhuma tradição de promover queimas de estoque justamente no momento em que se prepara para as vendas de Natal. Na Black Friday do ano passado, o Procon autuou cinco empresas por práticas consideradas lesivas aos consumidores."Em dias de superofertas como a Black Friday, o conselho do Procon é sempre manter a luz amarela acesa e desconfiar", disse o chefe de gabinete do Procon-SP, Carlos Coscarelli. Ontem, muita gente já aderiu à prática, já que a Black Friday é uma data associada especialmente ao comércio online. Usar a internet para pesquisar preços, especialmente com os dos dias anteriores à promoção, é uma arma importante. "Temos denúncias que mostram que os preços praticados durante a Black Friday já foram oferecidos há algumas semanas, em ofertas anteriores", diz Coscarelli. "Os preços subiram para voltar a cair. Ou seja: praticou-se um falso desconto."O Estado entrou em contato com todas as empresas notificadas ontem pelo Procon. A Saraiva informou que ainda não havia sido notificada pelo órgão de defesa do consumidor. A Americanas.com e o Submarino informam que os preços praticados ontem representavam promoções reais. "Os descontos oferecidos na Black Friday foram negociados especialmente para o evento", disse a B2W, que controla as duas companhias, em comunicado. As redes Extra e Ponto Frio, ambas pertencentes ao Grupo Pão de Açúcar, negaram qualquer manipulação de valores nas ofertas e se disseram dispostas a responder quaisquer queixas de consumidores.As demais varejistas não se pronunciaram até o fechamento desta edição.

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