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Procuradores acusam usinas por trabalho escravo em AL

MP entrou com ação, mas empresas conseguiram liminar na Justiça que as autoriza a continuar o corte de cana

Por RICARDO RODRIGUES
Atualização:

Procuradores do Trabalho de Alagoas realizaram na manhã desta quinta-feira, 28, uma inspeção judicial na usina Santa Clotilde, no município de Rio Largo, na grande Maceió, e decidiram reforçar pedido de interdição feito na segunda-feira à Justiça Federal. A usina é acusada de submeter seus trabalhadores a situação análoga ao trabalho escravo. Os procuradores vão reforçar também o pedido de interdição da Usina Laginha, no município de União dos Palmares, a 94 quilômetros de Maceió. A Laginha pertence ao ex-deputado João Lyra (PTB) e a Santa Clotilde, à família Oiticica. Segundo o procurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho de Alagoas, Rodrigo Alencar, o Ministério Público do Trabalho (MPT) entrou, na segunda-feira, com ação cautelar para interditar judicialmente as duas usinas após constatação, por sua força-tarefa e pelo grupo especial móvel de combate ao trabalho escravo do Ministério do Trabalho e Emprego, de desrespeito aos direitos mínimos do trabalhador. No entanto, as empresas conseguiram liminar na Justiça Federal e na Justiça do Trabalho e vão retomar o corte da cana. Em entrevista coletiva, Alencar lamentou a decisão, porque põe em primeiro plano o fator econômico e deixa de lado a situação degradante em que vivem os cortadores. A fiscalização de hoje na Usina Santa Clotilde foi determinada pelo juiz da 7ª Vara do Trabalho da Capital, Alan Esteves, e consta na liminar autorizando o retorno do corte da cana. Situação "Encontramos uma situação preocupante e desumana: botas rasgadas, sem a proteção de metal, poucos óculos, trabalhadores sem luvas, entre outras irregularidades", disse Alencar. Somado a isso, os veículos são terceirizados e não têm autorização para transporte de trabalhadores. A usina não repõe os equipamentos de proteção individual e os que existem são inadequados para a atividade. A equipe de fiscalização encontrou ferramentas sendo levadas junto dos trabalhadores, o que é proibido por lei, e alimentos de péssima qualidade transportados de forma inadequada, assim como a água consumida por eles. "Muitas vezes, o almoço servido em ''quentinhas'' chega no campo já estragado. A água para repor a garrafa dos trabalhadores fica dentro dos ônibus e a temperatura não é adequada", declarou o procurador.

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