PUBLICIDADE

Produção de veículos cai 3,9% em setembro ante agosto e atinge menor nível desde 2003

Foram 170.815 veículos produzidos no nono mês do ano, queda de 2,2% em relação a igual período do ano passado

Por André Ítalo Rocha
Atualização:

SÃO PAULO - As montadoras instaladas no Brasil terminaram setembro com o menor nível de produção para o mês desde 2003. Foram 170.815 veículos produzidos no nono mês do ano, queda de 2,2% em relação a igual período do ano passado e baixa de 3,9% em comparação a agosto, informou nesta quinta-feira, 6, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

No acumulado de janeiro a setembro, 1.533.951 unidades saíram das fábricas, recuo de 18,5% sobre o resultado alcançado em igual intervalo de 2015.

Montadoras instaladas no Brasil terminaram setembro com o menor nível de produção para o mês desde 2003 Foto: Nilton Fukuda/Estadão

PUBLICIDADE

O presidente da Anfavea, Antonio Megale, afirmouque a greve dos bancários e a interrupção da produção na Volkswagen contribuíram para a queda no volume produzido em setembro. Segundo Megale, a greve nos bancos reduziu ainda mais a oferta de crédito para financiamento de veículos, que já estava baixa em razão da recessão econômica. "Tanto que a participação dos financiamentos no volume de vendas caiu em setembro (para 51,9%), chegando próximo ao piso histórico (de 51,8%)", disse o executivo.

No caso da Volkswagen, uma das maiores montadoras em operação no Brasil, a produção foi suspensa em agosto e só foi retomada na metade de setembro, em meio a um imbróglio envolvendo uma empresa fornecedora de peças.

Mesmo neste ano ele já aposta em uma retomada, que se tornaria possível com o fim da greve dos bancários, a retomada da produção na Volkswagen e o tradicional aquecimento do mercado em novembro e dezembro. "Devemos voltar a produzir acima de 200 mil unidades ainda este ano", disse.

Desemprego. Megale informou que o número de funcionários afastados das fábricas caiu para 7,3 mil em setembro, de 22,3 mil em agosto. Em agosto, havia 19,8 mil trabalhadores cadastrados no Programa de Proteção ao Emprego (PPE) e outros 2,5 mil em regime de lay-off (suspensão temporária de contratos). Em setembro, esses números recuaram para 5,3 mil e 2 mil, respectivamente.

As empresas que aderem ao PPE podem reduzir a jornada de trabalho e o salários dos seus funcionários em até 30%, com metade da diminuição salarial compensada pelo governo federal. O programa foi criado em julho do ano passado pelo governo de Dilma Rousseff.

Publicidade

Segundo Megale, a redução se deve a ajustes internos das empresas. "Algumas deixaram de usar o PPE porque agora precisam produzir mais, enquanto outras saíram porque perceberam que a sua força de trabalho já estava adequada", disse o executivo, reforçando que há um consenso entre as montadoras de que o programa "é um grande instrumento que permite que a indústria faça ajustes em caso de necessidade conjuntural". 

Em setembro, a indústria eliminou 1.368 vagas de emprego. Segundo o presidente da Anfavea, quase todos os desligamentos do mês foram resultado de programas de demissão voluntária realizados pelas montadoras

Por segmento. os automóveis e comerciais leves, juntos, somaram 163.825 unidades em setembro, retração de 1,9% em relação a setembro do ano passado e tombo de 4,2% ante o volume do mês anterior. No acumulado do ano, a queda é de 18,3%, para 1.493.022 unidades.

 

Entre os pesados, foram 4.846 caminhões produzidos no mês passado, baixa de 16,7% ante igual mês de 2015 e declínio de 7% sobre o volume de agosto. O segmento acumula queda de 21,7% no ano até setembro, para 46.447 unidades. 

 

Já no caso dos ônibus, as montadoras produziram 2.144 unidades em setembro, expansão de 24,1% sobre o resultado de igual mês do ano passado e alta de 46,4% em relação a agosto. No ano, no entanto, há baixa acumulada de 22,5% - 14.482 unidades.

 

Com o corte na produção da indústria automobilística como um todo, as demissões continuam nas montadoras. Só em setembro, 1.368 vagas de emprego foram eliminadas. Considerando os últimos 12 meses, são 8.979 vagas a menos. Com isso, o setor conta hoje com 124.630 funcionários, recuo de 6,7% em relação ao nível de setembro do ano passado.