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Produção de veículos no Brasil cai 2% em julho, no pior resultado para o mês em 18 anos

A falta de componentes eletrônicos voltou a provocar paradas nas linhas de montagem; resultado do mês passado só fica acima do registrado em abril e junho do ano passado, quando a covid-19 chegou a fechar as fábricas

Foto do author Eduardo Laguna
Por Eduardo Laguna (Broadcast)
Atualização:

Comprometida pela falta de componentes eletrônicos nas linhas de montagem, a produção de veículos - um total de 163,6 mil unidades no mês passado - caiu 2% em julho na comparação com junho, informou nesta sexta-feira, 6, a Anfavea, entidade que representa as montadoras. O resultado engloba carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus

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Foi o julho com produção mais baixa em 18 anos. Desde o início da pandemia, em meses consecutivos, a produção do mês passado só fica acima dos volumes fabricados entre abril e junho do ano passado, quando a chegada da covid-19 parou toda a indústria automotiva.

Frente a julho de 2020, houve queda de 4,2% na produção total. Os sete primeiros meses do ano, quando foram fabricados 1,31 milhão de unidades, terminaram com crescimento de 45,8% frente ao acumulado em igual período do ano passado.

A falta de peças, mais grave nos componentes eletrônicos, dada a escassez global de chips, voltou a forçar montadoras a suspender a produção no mês passado. Neste momento, as paradas continuam em fábricas da Renault e da General Motors (GM), assim como, parcialmente, em linhas da Fiat e da Volkswagen.

A fábrica da Fiat ainda está com a produção parcialmente suspensa por falta de componentes. Foto: Washington Alves/Reuters

Como consequência, faltam modelos nas concessionárias. Embora exista procura de consumidores, as vendas de veículos caíram 3,8% de junho para julho em função de limitação na oferta.

O volume de veículos em estoque nos pátios de montadoras e concessionárias caiu de 93 mil para 85,1 mil unidades de junho para julho. O total é hoje suficiente para 15 dias de venda, menos do que os 16 dias de um mês atrás.  Ao repetir fevereiro e abril, o estoque, no critério de tempo de giro, está novamente no nível mais baixo em 20 anos .

“Não vejo, em curto espaço de tempo, alteração substancial dos estoques”, afirmou o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes A expectativa é que o abastecimento de semicondutores não seja normalizado antes do fim do primeiro semestre de 2022.

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Demanda aquecida

No total, 175,5 mil unidades foram vendidas em julho, volume que praticamente repete, com leve alta de 0,6%, a quantidade do mesmo mês do ano passado, quando o mercado ainda sofria o impacto da chegada da pandemia. De janeiro a julho, o volume vendido (1,25 milhão de veículos) foi 27,1% superior ao acumulado nos sete primeiros meses de 2020.

Para a Anfavea,  a perda de volumes do setor nos últimos dois meses não está ligada a possíveis sinais de desaceleração da atividade econômica. “O problema hoje são os semicondutores. Demanda tem, o desafio é como atender a demanda no curto prazo”, disse Moraes. "Temos fila, clientes esperando produtos", afirmou.

Do lado das exportações, que têm a Argentina como principal destino, o balanço também é negativo no mês, com queda de 29,1% na comparação com junho e de 18,4% na variação interanual. As montadoras embarcaram 23,8 mil veículos no mês passado, levando o total acumulado desde janeiro para 223,9 mil unidades: crescimento de 50,7%.

O balanço da Anfavea mostra ainda que a indústria de veículos abriu oito vagas de trabalho em julho - ou seja, estabilidade na ocupação -, fechando o mês com 102,7 mil pessoas empregadas.

A exemplo do que acontece desde o balanço relativo a janeiro, a Anfavea segue sem divulgar os números dos fabricantes de tratores e máquinas de construção, também sócios da entidade. O motivo: revisão de toda a série estatística após o desligamento da John Deere da associação. 

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