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Exportação de veículos bate recorde

Com vendas externas em alta, puxadas pela Argentina, montadoras aumentam produção em 23,4% no ano e estancam demissões no setor

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SÃO PAULO - Maio foi o melhor mês da história da indústria automobilística brasileira em exportações, com 73,4 mil unidades. O acumulado do ano também foi recorde para o período, ao somar 307,5 mil veículos vendidos no exterior. O desempenho ajudou a produção a crescer 33,8% em relação a igual mês de 2016 e 23,4% no acumulado do ano (ver quadro).

As exportações estão sendo puxadas principalmente pela Argentina, que já comprou 213 mil carros brasileiros, 42% mais do que no mesmo intervalo do ano passado. O país vizinho, que registra importante crescimento em sua economia, é responsável por 68% das exportações das montadoras do País. Mas outros países da América Latina também ampliaram encomendas.

. Foto: MARCIO FERNANDES DE OLIVEIRA/ESTADAO

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As vendas para o México, de janeiro a maio, cresceram 23%, enquanto para o Chile a alta foi de 218%, para o Uruguai, de 179%, para a Colômbia, de 63%, e para o Peru, de 250%. Em valores, as exportações aumentaram 52,7% no ano, totalizando US$ 6 bilhões, valor que inclui também máquinas agrícolas.

Novos acordos comerciais, câmbio mais favorável e maior esforço das empresas na conquista de clientes externos são algumas das justificativas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) para o desempenho.

“Além disso, após a adoção do programa Inovar-Auto, que levou ao aumento dos níveis tecnológico, de segurança e de desempenho dos carros brasileiros, nossos produtos ficaram mais atraentes para os países da região”, afirma o presidente da Anfavea, Antonio Megale. Ele acredita que o setor vai superar as previsões iniciais de exportar 558 mil veículos neste ano.

Empregos. A melhora na produção – que atingiu 1,037 milhão de unidades de janeiro a maio, o maior volume para o período em dois anos –, ajudou a estancar a queda no nível de empregos. Em maio, o setor abriu 478 vagas e emprega atualmente 121,4 mil trabalhadores, ainda 6,6 mil a menos em relação a um ano atrás. A mão de obra atual é similar a de 2009, ressalta o presidente da Anfavea.

Mesmo com a melhora na produção, a ociosidade nas fábricas segue elevada, em cerca de 50% no segmento de automóveis e comerciais leves e de 80% em caminhões e ônibus, informa o executivo. Em razão disso, as empresas ainda mantêm 2.718 trabalhadores em lay-off (contratos suspensos) e 7.609 com jornada e salários reduzidos.

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Segundo Megale, “o mercado de exportação está bem, mas ainda é insuficiente para compensar a fragilidade do mercado interno”. As vendas internas em maio aumentaram 16,8% em relação ao mesmo mês de 2016, e 1,6% no acumulado do ano, somando 824,5 mil unidades. É a primeira vez, desde fevereiro de 2014, que o comparativo anual foi positivo.

Crise política. Megale espera que a retomada do mercado automotivo prossiga e se intensifique no segundo semestre. Mas, para isso, torce para que a atual crise política seja resolvida rapidamente. “Qualquer que seja a decisão desta semana (se o presidente Michel Temer fica ou não no cargo), precisamos de estabilidade”, diz.

Para ele, independentemente de quem estiver na presidência, o importante é manter o programa das reformas trabalhista e previdenciária que, em sua opinião, vão ajudar a trazer maior confiança, previsibilidade e investimentos para o País.

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