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Produção de veículos sobe 4,2% em janeiro ante mesmo mês de 2020, diz Anfavea

Indústria automotiva montou em janeiro 199,7 mil unidades, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus; na comparação com o ano passado, no entanto, houve queda de 4,6%

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Mesmo com problemas de falta de peças e o fechamento de fábricas da Ford, a indústria automobilística produziu em janeiro quase 200 mil veículos, volume 4,2% superior ao de igual mês do ano passado, quando ainda não tinha pandemia no País. Na comparação com dezembro, contudo, houve queda de 4,6%.

As fabricantes, em especial as de caminhões, contrataram 2,2 mil funcionários, a maioria por prazo determinado, de seis meses a um ano. Um exemplo é a Iveco, que abriu 478 vagas temporárias na fábrica de Sete Lagoas (MG). O segmento de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus emprega hoje 103,4 mil pessoas ante 107,2 mil há um ano. O Grupo Caoa também anunciou 150 contratações em Anápolis (GO)

Mesmo com fim da produção de automóveis da Ford no País,indústria automotiva montou em janeiro 199,7 mil unidades, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. Foto: Clayton de Souza/AE

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Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, há aumento de demanda e fila de espera para alguns veículos, mas o setor ainda tem dúvidas se o crescimento será mantido ao longo dos próximos meses em razão da conjuntura econômica e de impactos da covid-19.

O número não inclui os cortes que a Ford fará, de cerca de 5 mil funcionários. Neste mês, não foram divulgados dados das fabricantes de máquinas agrícolas, pois com a saída da John Deere da entidade os números comparativos ficariam distorcidos.

Moraes afirma que a falta de componentes tem levado fábricas a fazerem paradas na produção – algumas depois compensadas com horas extras e trabalho em fins de semana. Muitas fornecedoras ainda não conseguiram recuperar a produção após a parada das linhas no período mais crítico da pandemia. Entre os itens em falta estão alguns tipos de pneus e de aço, além de semicondutores. Nesse último caso, o problema é global e várias montadoras estão dando férias coletivas na Europa, EUA e Ásia em razão disso.

Outro dado positivo do setor são as exportações, que aumentaram 22% ante janeiro de 2020, embora tenham caído 35% em relação a dezembro, e somaram 25 mil unidades. Já as vendas somaram 171 mil veículos, o que significa encolhimento de quase 12% confrontado com um ano atrás e de quase 30% frente a dezembro.

“É uma queda importante e nos deixa preocupados em razão da pandemia, da falta de abono emergencial, do acompanhamento do déficit fiscal, do possível aumento dos juros e do fornecimento de peças”, afirma Moraes. Os estoques nas fábricas e revendas aumentaram pouco, de 96,8 mil para 100,8 mil unidades, ou o equivalente a 18 dias de vendas, um a mais do que no mês passado.

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Subsídios

Em resposta às críticas de que as montadoras recebem muitos subsídios fiscais, afloradas quando a Ford anunciou o fechamento de suas três fábricas locais, a Anfavea preparou estudo para mostrar que o setor “é um dos que carrega a carga tributária do País e que, para cada R$ 1 recebido em desoneração, recolheu R$ 11 em impostos”, diz o executivo.

Um exemplo citado foi o programa Inovar-Auto, entre 2013 e 2017, que ofereceu incentivos para empresas que investissem em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e teve como um dos resultados a melhora da eficiência energética dos motores dos veículos nacionais.

Segundo dados da Receita Federal, a desoneração tributária foi de R$ 6,8 bilhões ao longo de cinco anos e resultou em economia anual de R$ 7 bilhões (ou R$ 35 bilhões no total) em gastos com combustíveis. Também reduziu emissões de CO2 em 2 milhões de toneladas por ano.

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Irritado com declarações do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Carlos von Doellinger, que defendeu a desindustrialização do País e a priorização de setores com vantagens competitivas, como agronegócio e mineração, Moraes sugere que “esses acadêmicos deveriam parar de olhar slides e visitar fábricas para verem a indústria 4.0 que adotamos, nossa engenharia, as pistas de testes e os empregos de qualidade que geramos”.

Num exercício sobre quais seriam os impactos de um fechamento completo do parque da indústria automotiva, Moraes afirma que, se o País tivesse de importar 3 milhões de veículos por ano (volume de vendas antes da pandemia), haveria um déficit comercial de US$ 60 bilhões a US$ 80 bilhões que reverteria o superávit da balança comercial brasileira, de US$ 51 bilhões em 2020. “Em cinco ou seis anos toda a reserva internacional do País seria consumida." /COLABOROU EDUARDO LAGUNA

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