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Produção e confiança dão sinais de recuperação na indústria

Quase metade de 26 setores da indústria teve alta na produção em dezembro na comparação anual, diz estudo com base em dados do IBGE

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Por Márcia De Chiara
Atualização:

Começam a surgir os primeiros sinais de que o cenário de crise parou de se deteriorar em vários setores da economia, tanto quando se olha a produção da indústria quanto a confiança dos empresários.

Substituição de importações ajudou alguns setores Foto: Gabriela Bilo|Estadão

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Um levantamento feito pela consultoria MacroSector com dados da área industrial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, de 26 setores analisados, 12 registraram crescimento na produção em dezembro ante o mesmo mês de 2015. É um resultado melhor do que o mês anterior, quando nove setores tinham avançado na mesma base de comparação.

Entre os segmentos que se destacaram estão vestuário (23,1%), fabricação de equipamentos de informática, eletrônicos e ótica (29%), fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (19,6%), máquinas e equipamentos (12,8%), têxtil (12,4%) e madeira (10,2%).

Os números da indústria automobilística confirmam que esse movimento continuou em janeiro, quando a produção das montadoras cresceu 17,1% ante o mesmo mês de 2016, de acordo com a Anfavea. O licenciamento de veículos, que reflete as vendas no mercado interno, teve queda menor: tinha recuado 10,3% em dezembro de 2016 na comparação anual e caiu 5,2% em janeiro de 2017 ante 2016.

“Vários setores da indústria engataram a primeira marcha do crescimento, depois de tantos meses de queda”, afirma o economista Fabio Silveira, diretor da consultoria e responsável pelo levantamento. Ele observa que a indústria automobilística, impulsionada pelas exportações, puxa essa virada. Mas pondera que o movimento não pode ser generalizado para outros segmentos.

No caso de têxteis e artigos de vestuário, por exemplo, Silveira diz que há um movimento de substituição de importações que, de certa forma, está trazendo impactos positivos para a produção. Mas o pano de fundo, na sua opinião, foi a expectativa favorável dos agentes econômicos por causa da redução da taxa juros que houve desde o último trimestre de 2016.

Em janeiro, a confiança dos empresários da indústria avançou 4,3 pontos e atingiu o maior nível desde maio de 2014, período pré-crise, segundo a Sondagem Industrial da Fundação Getulio Vargas (FGV). “A alta foi expressiva”, afirma Aloisio Campelo, superintendente de Estatística Públicas do Instituto Brasileiro de Economia.

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Ele destaca que o corte mais acentuado dos juros feito pelo Banco Central (BC) em meados de janeiro aumentou o otimismo dos empresários. É que na prévia do indicador, apurada em meados de janeiro, antes de o BC reduzir em 0,75 ponto porcentual os juros, o índice de confiança foi menor que o resultado final após o corte do juro.

PIB. Quando se extrapolam os sinais de retomada para o Produto Interno Bruto (PIB), João Moraes, economista da consultoria Tendências, diz que o ponto de virada – de um resultado negativo para positivo – está próximo e deve ocorrer do último trimestre do ano passado para o primeiro deste ano, descontada a sazonalidade.

Apesar do quadro mais favorável, Silveira ressalta que ainda não é possível afirmar que a retomada é sustentável. Entre os fatores importantes para sustentar a virada, ele aponta as reformas, a redução do desemprego e o equacionamento do elevado endividamento de famílias e empresas.