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Produção industrial cresce 2,8% em outubro, melhor resultado em 4 anos

Desempenho é duas vezes maior do que projetavam analistas; comparado ao mesmo mês de 2006, alta é de 10,3%

Por Jacqueline Farid
Atualização:

A produção industrial superou as mais otimistas expectativas em outubro, com o melhor desempenho em quatro anos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve expansão de 2,8% ante setembro - variação só superada nessa base de comparação em setembro de 2003 - e de 10,3% ante outubro do ano passado. De janeiro a outubro, o crescimento acumulado é de 5,9%. O forte aquecimento da atividade econômica, refletido nos dados do IBGE, é um dos principais argumentos para a manutenção do juro básico na reunião de ontem do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. E, para alguns analistas, já justifica a estabilização da Selic também em 2008. O forte aquecimento do mercado interno impulsionou os investimentos, o consumo dos bens duráveis e as encomendas do varejo para o fim do ano, garantindo os bons resultados. Analistas do mercado financeiro projetavam, em média, aumento de 1,3% na produção ante setembro, ou seja, menos da metade do número divulgado. Segundo Silvio Sales, coordenador de indústria do IBGE, a produção industrial bateu novamente recorde em outubro, superando o pico anterior, de agosto. Ele destacou os efeitos do aquecimento da demanda doméstica. "A dinâmica da produção industrial em 2007 está muito mais associada à força da demanda interna, ainda que as exportações continuem dando contribuição positiva." De acordo com Sales, "há uma predominância de estímulos internos", como ampliação do investimento, aumento da oferta de crédito e expansão da renda e do emprego. Ele admitiu que as encomendas de fim de ano têm forte efeito sobre os resultados de outubro. Mas este ano esse efeito veio mais forte ainda, acompanhando o aquecimento do consumo. AUTOMÓVEIS A produção de veículos representou o principal impacto positivo nos resultados de outubro, em todas as bases de comparação. Esse setor, com forte peso na pesquisa, cresceu 7% ante setembro, 29,5% na comparação com outubro do ano passado e 14,3% no acumulado do ano. Segundo Sales, a ampliação do mercado de trabalho e a manutenção das condições favoráveis de crédito têm sido os principais fatores a impulsionar a produção de bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos), que cresceu 1,4% ante setembro e 18,2% ante outubro de 2006. Quanto aos eletrodomésticos (aumento de 13,9% em outubro ante outubro de 2006), até mesmo os modelos de linha marrom (TV, rádio e som), que amargavam queda de 15,1% de janeiro a setembro, reagiram em outubro e subiram 12,2% ante igual mês do ano passado. Sales destacou que até mesmo segmentos que vinham sendo castigados pela queda nas exportações e pelo aumento da concorrência dos importados, como os semiduráveis (vestuário e calçados), começam a mostrar sinais de reação com a demanda doméstica. Em outubro, essa categoria teve o primeiro crescimento de dois dígitos (11,4%) ante igual mês de ano anterior desde 2004. A produção de calçados, por exemplo, passou de uma queda acumulada de 4,6% de janeiro a setembro para alta de 9,2% em outubro, ante igual mês do ano anterior. INVESTIMENTOS Para Sales, os dados da produção de bens de capital - cuja expansão chegou a 26,8% ante outubro de 2006 - mostram "generalização do investimento", já que todos os subsetores cresceram bastante em outubro. Houve expansão, na comparação com outubro de 2006, em bens de capital para indústria (13,2%) e agricultura (60,6%, que reflete uma base de comparação deprimida de 2006, mas também uma forte reação do setor agrícola); para transporte (30,1%); para energia (52,6%); para construção (23,1%) e para uso misto (que inclui informática e telefonia, com 20,2%). Segundo Sales, os dados de importação de bens de capital reforçam a avaliação de que é muito forte a expansão dos investimentos. As importações desses produtos cresceram (em dólar) 39% em outubro deste ano ante igual mês do ano passado. "Como nos meses anteriores, a produção industrial em outubro foi liderada pelos bens de capital e bens duráveis."

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