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Produção industrial indica estabilidade, explica IBGE

Segundo técnico do IBGE, a indústria começou o ano com situação de estabilidade; a produção de bens não-duráveis parou de cair, mas ainda não é possível dizer que houve uma reação; e o bom desempenho do segmento de bens de capital ainda está com foco na agricultura e não mostra investimentos de médio prazo nas indústrias.

Por Agencia Estado
Atualização:

O chefe da coordenação de indústria do IBGE, Silvio Sales, disse que "há uma estabilidade" no patamar de produção industrial neste início de ano e os destaques do setor continuam sendo os segmentos de bens duráveis e bens de capital. Sales explicou que, após o recuo de dezembro (quando houve queda de 1% ante novembro) a indústria voltou, em janeiro, ao mesmo patamar de produção de novembro e se mantém na média registrada no último trimestre do ano passado. "A indústria está sustentando o patamar de produção e janeiro confirma a liderança dos segmentos de bens duráveis e bens de capital", disse. Segundo ele, os resultados de janeiro estão de acordo com a característica de "reposição de estoques" da indústria neste início de ano. Ele disse também que as exportações continuam com "peso importante" nos resultados da indústria, assim como o segmento agroindustrial. "A indústria começou o ano com situação de estabilidade", afirmou Sales. Questionado se a manutenção das taxas de juros neste início de ano poderá comprometer a produção industrial, ele limitou-se a afirmar que "a interrupção da queda dos juros pode afetar a expectativa dos produtores e as decisões de investimentos". Ainda não é possível falar em reação dos não-duráveis Silvio Sales, disse que não é possível afirmar que o crescimento de 2,2% na produção de não-duráveis em janeiro ante dezembro, após três meses de queda ante mês anterior, signifique uma reação do setor. "Há uma interrupção de queda, mas é uma reação muito pontual que pode estar relacionada à reposição de estoques ou mesmo à trajetória anterior de quedas intensas. É preciso esperar novos resultados para checar se houve reação", disse. Na comparação com janeiro do ano passado, os não-duráveis foram a única entre as quatro categorias de uso pesquisadas a apresentar queda na produção, com recuo de 4,6%. "Os não-duráveis ainda estão muito distantes da recuperação em geral. A recuperação da demanda interna depende do crédito, que está beneficiando os bens duráveis, e de uma reação do mercado de trabalho, que não está ocorrendo com vigor e acaba atrasando os não duráveis em relação à indústria em geral", afirmou Sales. Ele acrescentou que "o comportamento dos setores mais dependentes da renda real está impedindo uma recuperação mais vigorosa da indústria voltada para o mercado interno". Em janeiro, ante igual mês de 2003, vários segmentos de não duráveis apresentaram queda, com destaque para: carburantes (-2,5%); farmacêutica (-9,9%); matérias plásticas (-14,5%); vestuário (-14,9%) e alimentos voltados para consumo interno (-0,9%). Na comparação com mês anterior, o IBGE não detalha os resultados por segmentos. Bom desempenho de bens de capital vem da agricultura O bom desempenho do segmento de bens de capital ainda está com foco na agricultura e não mostra investimentos de médio prazo nas indústrias, segundo destacou Silvio Sales. A indústria de bens de capital registrou aumento na produção de 4,5% em dezembro ante janeiro e crescimento de 7,8% na comparação com igual mês do ano anterior. Segundo Sales, os dados abertos do segmento, ante igual mês de 2003, mostram que "a dinâmica de crescimento está caracterizada por investimentos mais fora da indústria do que em modernização ou aumento de capacidade". Ainda assim, ele avalia que não é possível afirmar que não estão ocorrendo investimentos no setor. O fato, segundo lembrou Sales, é que os bens de capital agrícolas cresceram 31% em janeiro ante janeiro 2003, enquanto os equipamentos para fins industriais cresceram bem menos (4,2%). No caso dos equipamentos para indústria, o destaque são os bens de capital seriados (investimentos mais imediatos e em parte voltados para exportação, com aumento de 10,3%). Os bens de capital sob encomenda, relacionados a investimentos de médio e longo prazo, apresentaram queda de -21,8% em janeiro ante igual mês do ano passado. "Alguns setores da indústria estão se reequipando, mas não conseguimos saber qual ou a intensidade desse processo", disse Sales, acrescentando que "o foco de crescimento ainda é a agricultura, há sinal de aumento da produção de seriados, mas não se sabe para qual setor".

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