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Produção industrial sobe 0,6% em abril

Atividade, porém, tem queda de 4,5% na comparação com o mesmo mês de 2016; setor está 20% abaixo de junho de 2013, pico da série

Foto do author Thaís Barcellos
Por Fernanda Nunes , Thaís Barcellos (Broadcast) e Maria Regina Silva
Atualização:

RIO e SÃO PAULO - A produção da indústria avançou pela primeira vez no ano – 0,6% em abril, no confronto com o mês anterior –, segundo a Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado é positivo, avaliou André Macedo, responsável pelo indicador. “Mas não há uma trajetória consolidada de recuperação.”

O cenário é de estabilidade, porém num patamar muito inferior ao alcançado no período áureo, de junho de 2013. A fotografia de abril é de uma indústria 19,8% mais fraca que no seu melhor momento e com perfil equivalente ao de janeiro de 2009, retrocesso que Macedo atrela a um mercado de trabalho desfavorável, à compressão do consumo e às instabilidades política e econômica. Inseguro, o empresariado posterga ou mesmo suspende investimentos, explica ele.

A produção industrial é medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Foto: Filipe Araujo/Estadão

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Em abril, um fator estatístico contribuiu para a alta de 0,6% – a base de comparação com um mês de março fraco, de taxa negativa de 1,3%. Em relação a igual mês de 2016, porém, a estatística não ajudou e a indústria registrou queda de 4,5%.

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Para essa base de comparação, alguns fatores pontuais contribuíram para o recuo. A moagem de cana-de-açúcar atrasou e as exportações de carne ficaram temporariamente embargadas, por causa da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que revelou o pagamento de propina a fiscais de frigoríficos. A queda, na verdade, foi generalizada na indústria alimentícia, principal responsável pela retração da taxa anual.

“Os sinais são de que a produção industrial ficará de lado, perto da estabilidade”, afirmou o economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Melo. Para ele, o setor ainda não recuperou perdas passadas e a tendência é que o desempenho prossiga oscilando.

Como exemplo, o economista cita as categorias de bens de capital e de duráveis, que têm tentado emplacar uma retomada, mas o movimento ainda é discreto. Lembra ainda que o nível de estoques é elevado, apesar de estar diminuindo.

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A crise política deflagrada pelas denúncias envolvendo o presidente Michel Temer pode ainda comprometer o segundo trimestre. “A gente precisa aguardar as informações dos meses subsequentes para ter ideia do reflexo (da crise política) sobre os resultados da produção industrial deste ano”, avaliou Macedo, do IBGE.

Em relatório a clientes, os economistas do Itaú Unibanco afirmaram que o indicador poderá, até mesmo, voltar a cair. Eles destacam que pesquisas que demonstram como está a atividade econômica atualmente – como a de utilização da capacidade instalada da indústria, a de vendas de veículos e os dados semanais de comércio exterior e de consumo de energia sinalizam para um quadro mais negativo do que o que demonstrou a pesquisa do IBGE relativa a abril.

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PIB. O crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre ainda será insuficiente para garantir uma expansão significativa no período seguinte, conforme analistas. Há, inclusive, segundo pesquisa do Projeções Broadcast, estimativas preliminares até de queda para o PIB no segundo trimestre. Pelas expectativas, o PIB de abril a junho deve ir de queda de 0,80% a alta de 0,50%. A mediana encontrada com base no intervalo de 24 previsões é zero. Frente ao segundo trimestre de 2016, as previsões variam de recuo de 1,50% a avanço de 0,78%, com mediana negativa de 0,40%.

A equipe econômica comemorou o resultado do primeiro trimestre anunciado na quinta- feira pelo IBGE, que ficou melhor que a mediana de 0,9% das previsões, e que tinha piso de 0,5% e teto de 1,5%.

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