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Produtividade beneficia trabalho mais qualificado

Quando há alta do PIB com base em inovação e tecnologia, pessoas mais educadas produzem mais e salário tende a aumentar

Por LUIZ GUILHERME GERBELLI
Atualização:

O salário dos trabalhadores com mais anos de estudo tende a acelerar se o Brasil melhorar a produtividade em setores que demandam mais tecnologia e inovação. Isso implica em mudar a fórmula atual do crescimento, que tem como base o setor de serviços. Nos últimos anos, o debate sobre como tonar o País mais produtivo ganhou força diante do cenário de baixo crescimento, inflação elevada e mercado de trabalho no pleno emprego.As pessoas mais educadas são mais produtivas e sentem uma melhora no mercado de trabalho quando há aumento do Produto Interno Bruto (PIB) com base em tecnologia e inovação. "Se tivéssemos um modelo baseado no crescimento de mais produtividade nos setores mais avançados tecnologicamente, os trabalhadores mais educados seriam beneficiados", disse o coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, Naercio Menezes Filho. Ele também explica que o efeito líquido sobre o salário vai depender da relação entre demanda e oferta. Ou seja, se a oferta de trabalhadores de uma determinada profissão crescer mais rápido do que a demanda do mercado de trabalho, o salário tende a cair. "O número de matrículas na Engenharia está aumentando porque as pessoas estão vendo que o retorno salarial é mais alto do que em Direito. Se a economia crescer mais com base em novas tecnologias, aumenta a demanda por profissionais de nível superior, especialmente da área de exatas", afirmou Naercio. "Mas se a oferta de engenheiros crescer mais rápido ainda, o salário cai", explicou. Na avaliação dele, o modelo atual do mercado de trabalho dá sinais de esgotamento. "Não tem como incluir muito mais gente no mercado de trabalho. É preciso aumentar o investimento."Acomodação. Os números mostram que o mercado de trabalho já dá sinais de acomodação e que está chegando ao seu limite. É como se estivesse em uma nova fase, depois de quedas gradativas na taxa de desocupação. Em maio, o desemprego foi de 5,8%, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego, do IBGE. A taxa é idêntica às taxas de maio do ano passado e de abril. Nos últimos 12 meses, a desocupação média no País está 5,5% "Eu diria que a gente passou de um período no qual o desemprego apresentou queda para um período de estabilidade," afirmou Fernando de Holanda Barbosa Filho, economista e pesquisador do Ibre. Ele ressalta que uma piora de cenário do emprego pode ocorrer como consequência da política contracionista do governo de aumento de juros para combater a inflação, o que pode trazer algum impacto no crescimento. As previsões para o PIB do Brasil deste ano estão entre 2% e 2,5%. E o mercado financeiro espera que a taxa básica de juros (Selic) chegue ao fim de 2013 a 9% - hoje está em 8%. "Dado que o governo está com uma política contracionista, não vai surpreender se o desemprego der uma piorada", disse o economista do Ibre. "Isso não significa dizer que a taxa pode subir para 7,5%. Não vai haver nenhum mudança abrupta."

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