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Produtor quer 25% de etanol na gasolina

Indústria da cana pede retomada do porcentual, alegando que sobra álcool anidro no mercado

Por RENÉE PEREIRA
Atualização:

A União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) quer retomar os 25% de etanol anidro misturado na gasolina. Há dois meses, o governo federal reduziu o nível para 20% como uma forma de controlar a escalada dos preços do etanol e evitar um desabastecimento. Agora, no entanto, os produtores dizem que há sobra de anidro no mercado."Há cerca de 2 bilhões de litros de álcool disponíveis nas usinas", afirma o diretor técnico da associação, Antônio Pádua Rodrigues. Segundo ele, a decisão de elevar os porcentuais depende da estratégia do governo. Se retomar os 25%, o País poderia reduzir a importação de gasolina, que tem pressionado o caixa da Petrobrás. Caso contrário, o anidro será transformado em hidratado e vendido nos postos de combustíveis. A diferença, diz Pádua, é que o efeito da mistura dos 2 bilhões de litros de etanol na gasolina tem um efeito econômico maior, já que vai reduzir a compra externa. A transformação do produto em hidratado não mudaria muito o atual cenário, diz ele. "Os preços continuarão no mesmo patamar com esse acréscimo de oferta."De acordo com as previsões da Unica, a produção de anidro na safra atual será 9,25% superior a de 2010/2011. No hidratado, a situação é inversa: haverá queda de 28,8%, ou 5 bilhões de litros. Até o fim da safra, a expectativa é que o mix de açúcar e etanol fique em 48,36% e 51,64%, respectivamente.Tributação. Além da retomada da mistura de etanol na gasolina, a Unica também reivindica tratamento tributário especial para o biocombustível. A associação lançou a campanha + Etanol, que propõe a redução das alíquotas de PIS e Cofins para o álcool. Isso poderia ocorrer por um período ou ter uma redução gradual. "Dessa forma, o etanol hidratado poderia competir com a gasolina", diz o presidente da Unica, Marcos Jank. Ele destaca que a carga tributária da gasolina caiu para 35% com a recente redução da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). No etanol, o peso dos tributos está em 31%. Como o valor energético do álcool é 30% menor do que o da gasolina, a diferença não existe mais. "Temos de mexer na estrutura tributária. No mundo inteiro, estão dando incentivos e subsídios para produzir biocombustível. Aqui é o contrário", diz Jank. Por enquanto, só o Estado de São Paulo tem uma política pública para o setor, com ICMS de 12%.Pelas estimativas da Unica, até 2020 será necessário dobrar a atual produção de cana, para 1,2 bilhão de toneladas (450 milhões destinadas para etanol). Isso significa construir cerca de 120 novas unidades e investir algo próximo de R$ 156 bilhões, sendo R$ 110 bilhões na área industrial e R$ 46 bilhões na parte agrícola. "Para o próximo ano, a expectativa é que apenas cinco novas unidades entrem em operação na Região Centro-Sul", alerta Pádua.

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