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Produtores acessam internet pelo smartphone, mas uso no campo é restrito

Segundo pesquisa do Sebrae, empresários rurais esbarram em falta de infraestrutura de redes para adotar ferramentas no incremento da produção

Por Fabrício de Castro
Atualização:

BRASÍLIA - Os pequenos produtores rurais brasileiros utilizam smartphones para acessar a internet, mas nem sempre conseguem usar esta e outras ferramentas para incrementar a produção. O principal problema é a falta de infraestrutura de comunicação no campo. Esta é uma das conclusões da pesquisa “Tecnologia da Informação no Agronegócio”, realizada pelo Sebrae. O Estadão/Broadcast Agro teve acesso aos resultados com exclusividade.

De acordo com a pesquisa, 96% dos produtores rurais utilizam telefones celulares. Deste universo, 71% dos donos de microempresas rurais (faturamento anual até R$ 360 mil) usam smartphones para o acesso à internet. O porcentual é de 85% entre os proprietários de empresas de pequeno porte (faturamento entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhões).

Apenas um quarto dos produtores usam ferramentas digitais para a gestão de seus negócios Foto: Alex Silva|Estadão

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Apesar disso, o uso de internet na atividade produtiva é restrito, em função da dificuldade de acesso e da má qualidade da conexão no campo. Conforme a pesquisa, apenas 6% dos produtores já compraram pela internet, 4% já utilizaram a rede para vender e somente 16% dos empreendimentos rurais possuem página na internet ou perfil em redes sociais. A pesquisa ouviu 4.467 produtores rurais, entre 29 de março e 12 de abril, nas 27 unidades da Federação.

“A pesquisa demonstrou que os produtores estão conectados pelo celular, mas nem sempre podem fazer a gestão do seu negócio em função da falta de infraestrutura, de uma rede que possa ter abrangência nacional”, afirma o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos. “Nem é preciso fazer a cabeça do produtor sobre o uso da ferramenta. Isso já está acontecendo no agronegócio como um todo e chega também ao pequeno proprietário. Ele só não usa o sistema para gestão porque não tem uma rede de infraestrutura para isso”, acrescentou.

O produtor Fabio Kazunori Dan é um exemplo de empresário do campo sintonizado às novas tecnologias, mas que esbarra na falta de infraestrutura de redes. Há cerca de um ano e meio, ele vem aplicando a tecnologia da informação para controlar a produção da Dan Orquídeas, em Mogi das Cruzes (SP). “Essa atividade tem um ciclo bastante longo. Para contabilizar manualmente as informações, fica complexo”, explica. Hoje, os trabalhadores da Dan Orquídeas inserem em um sistema dados sobre plantio, irrigação e adubação, para levantar custos de mão de obra e depreciação de estufas, entre outros. A área total de produção é de 30 mil metros quadrados.

O empresário afirma que a informatização dos controles está em andamento, mas reconhece que o acesso à internet, na região, deixa a desejar. “Se tivéssemos o acesso rápido à internet, seria muito melhor. Há dias, por exemplo, que ficamos devendo a emissão de nota fiscal eletrônica, porque estamos sem acesso à internet”, diz.

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A expectativa do Sebrae é de que esta dificuldade diminua a partir da utilização do Satélite Geoestacionário Brasileiro de Defesa e Comunicações Estratégicas, lançado ao espaço em maio. “Uma das grandes prioridades é justamente reservar boa parte da capacidade deste satélite para o campo”, diz Afif.

O produtor Olimar Nunes do Amaral, da região de Atibaia (SP), reconhece a importância da tecnologia da informação para seu negócio. À frente da Bio Plugs, empresa que fornece mudas de plantas ornamentais, ele utiliza há quatro anos dois programas voltados à produção. “Com o primeiro, tenho um controle pré-programado de temperatura e luminosidade na estufa. E com o segundo eu programo meus custos”, explica. Segundo ele, o uso de tecnologia da informação permitiu um ganho de 200% em produtividade. 

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