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Produtores mantêm mobilização até marcha a Brasília

Agricultores reclamam de prejuízos nas duas últimas safras em razão da queda no valor do dólar, alta de insumos, estiagem e preços baixos dos produtos agrícolas

Por Agencia Estado
Atualização:

Produtores rurais de nove Estados vão intensificar os protestos contra a política agrícola do governo até a próxima terça-feira), quando os governadores se reúnem, em Brasília, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entidades ligadas ao agronegócio estão convocando os produtores para a marcha do Grito do Ipiranga à capital federal. "Estamos pedindo aos nossos associados que fretem ônibus ou sigam de carro até Brasília", disse o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia. Segundo ele, o objetivo é colocar de 400 a 500 produtores no auditório Petrônio Portela, do Senado, onde os governadores e líderes ruralistas se reúnem com parlamentares. Os manifestantes permanecerão na Esplanada dos Ministérios durante a audiência com Lula. Nesse dia, serão intensificadas as manifestações em todo o País, segundo Garcia. "Vamos levar máquinas e tratores para as cidades e estradas." A orientação, segundo ele, é evitar o confronto e garantir o direito de ir e vir do cidadão, assegurando a passagem de carros, ambulâncias e veículos especiais. "Trancar rodovia e não deixar passar ninguém cria desgaste para o movimento e nossa intenção é ter o apoio da sociedade." Segundo ele, a população está entendendo que, se o agricultor não receber apoio do governo, não terá condições de produzir e pode faltar alimentos. "Quem vai produzir comida? Será que teremos de importar alimentos?" Outras entidades ruralistas, como a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e a Federação da Agricultura do Mato Grosso (Famato), estão à frente do movimento que entra no 19º dia. Manifestações Segundo Nabhan Garcia, a mobilização será mantida mesmo que o governo anuncie, nesta sexta-feira, medidas de socorro ao movimento. "Não queremos paliativos, mas uma política séria para o setor." Segundo levantamento da CNA, na quinta-feira as manifestações continuavam com força no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Goiás. No Mato Grosso, foram retomados os bloqueios das rodovias BR-364, que liga a região de Rondonópolis aos Estado do Sul - e principalmente aos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) - e BR-163, na região de Sinop. Em algumas cidades, começa a faltar combustível. Em Goiás, houve bloqueios na BR-060, que liga Goiânia a Brasília, na BR-452, que vai para Itumbiara, e na GO-174, próximo de Rio Verde. No Paraná, a diretoria da Cooperativa de Cafeicultores de Maringá (Cocamar) anunciou a decisão de paralisar temporariamente a operação de suas indústrias em apoio a o movimento dos agricultores. Cerca de mil funcionários estão parados. Interromperam as atividades seis indústrias onde são produzidos óleos vegetais, café torrado e moído, maioneses, álcool gel e doméstico, sucos de frutas, bebidas à base de soja, creme e condensado de soja e molhos de tomate. O presidente da cooperativa, Luiz Lourenço,disse que a insolvência da agricultura está levando os produtores ao desespero. "Só na região de Maringá a próxima safra terá uma redução de 30% na produtividade", afirmou. No oeste de São Paulo, cerca de 60 tratores continuam estacionados na margem do km 545 da Rodovia Raposo Tavares, em Taciba. Os produtores estão abordando motoristas para entregar um manifesto em que alertam para o risco de faltar alimentos em 2007. Na região de Ourinhos, o bloqueio aos entrepostos de carga de grãos foi estendido a estradas rurais e vicinais. Em Cândido Mota, agricultores fizeram uma passeata na cidade.

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