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Produtores rurais manterão bloqueios até anúncio de Lula

No dia 25, o presidente deve anunciar medidas para o setor agrícola

Por Agencia Estado
Atualização:

Os produtores rurais de Goiás decidiram, hoje, manter os protestos nas principais cidades produtoras até o dia 25, quando está previsto o anúncio de medidas por parte do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão foi anunciada pelo Comitê de Gerenciamento de Crises, da Federação de Agricultura do Estado de Goiás (Faeg). "Os produtores estão na expectativa do anúncio do Governo, e pretendem encerrar as manifestações se houver resposta às solicitações do setor", afirmou José Mário Schneider, vice-presidente da Faeg. O dirigente explicou que, se o pacote de medidas for amarrado com medidas estruturantes, capazes de tirar o setor da sua pior crise nas últimas quatro décadas, os produtores tendem a voltar a plantar. Caso contrário, disse, os protestos deverão ser intensificados. Os agricultores paranaenses também prometem manter os bloqueios em rodovias pelo menos até o dia 25. "Se nada acontecer será o caos", prevê o presidente do Sindicato Rural de Maringá, José Antonio Borghi. "Mas a gente tem que manter sempre a esperança." Segundo ele, o mais importante é que o novo pacote traga medidas que possam ajudar os produtores rurais a renegociar as dívidas já acumuladas. A orientação é para que os bloqueios provoquem o mínimo de prejuízo para a população que precisa circular pelas rodovias. Por isso, os manifestantes têm optado, na maioria dos trechos bloqueados, por permitir a passagem de carros pequenos no mínimo a cada uma hora. De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual, foram registrados hoje 30 bloqueios no Paraná. No fim da tarde, a maioria estava sendo desfeito. Desde o início, os agricultores têm liberado as rodovias durante a noite e retomam o protesto por volta das 7 horas da manhã. Protestos tomam cidades Os agricultores do interior de São Paulo deixaram as rodovias e foram para as cidades. Na manhã desta quinta-feira, eles bloquearam com tratores e máquinas agrícolas a entrada de mais de 20 agências bancárias nas cidades de Birigüi, Guararapes e Coroados, na região Noroeste do Estado. Nas três cidades, além das agências, ruas centrais foram interditas por centenas de tratores, caminhões e colheitadeiras. O protesto, que impediu a entrada de trabalhadores e correntistas às agências e caixas eletrônicos, deve se estender pela próxima semana, informa o produtor Roberto Frare, um dos líderes do movimento. No entanto, em Birigui, será liberada a entrada dos caixas eletrônicos para que os trabalhadores das indústrias de calçados possam sacar o vale, que será pago nesta sexta-feira. "Abriremos na sexta-feira e depois fechamos em seguida", avisou Frare. Segundo ele, a intenção é também manter o bloqueio até dia 25. Os agricultores pedem alongamento das dívidas agrícolas por 20 anos, com 2 de carência e juros de 4% ao ano, redução do preço do óleo diesel, insumos e defensivos; criação de um seguro público para o plantio da safra; financiamento para novos plantios e preço mínimo para os produtos. Governo não promete mudança cambial Na terça-feira, em reunião no Palácio do Planalto, governadores dos Estados agrícolas entregaram ao presidente Lula um documento no qual detalham as causas da crise no setor e fazem um série de pedidos ao governo federal. "As dificuldades pela qual passa nossa agropecuária foram provocadas principalmente pela política econômica do governo federal, orientada para o fortalecimento da moeda real frente ao dólar", informaram os governadores no documento. Contudo, o governo já adiantou que não deverá anunciar medidas com mudanças no câmbio, insistindo que ele continuará flutuante. O governo destaca ainda que uma solução para os problemas da agricultura virá com as medidas do pacote a ser anunciado dia 25. Os agricultores reclamam que, com a depreciação do dólar frente ao real, o ganho dos agricultores foi diminuído, já que há um grande volume de exportações. Por outro lado, os gastos do setor aumentaram, já que são cotados em dólar. Ou seja, este descasamento, alegam os agricultores, tem provocado prejuízos para o setor. Na semana passada, o governo anunciou que liberará R$ 1 bilhão para garantir o preço mínimo na comercialização da soja. Estes recursos serão liberados por meio de Operações de Prêmio de Risco de Opção Privada (Prop). Trata-se de um auxílio que o governo pagará para garantir a renda mínima do produtor. A compensação será variável, entre R$ 1,50 e R$ 6 por saca de 60 quilos. O valor mais alto será para compensação para as regiões mais distantes. A meta é apoiar entre 15 e 20 milhões de toneladas de soja em leilões.

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