PUBLICIDADE

Produtos especiais têm garantia de lucro lá fora

Por Fabiola Salvador
Atualização:

Enquanto a grande maioria dos produtores rurais do Brasil se debruça sobre planilhas de custos para avaliar as vantagens de optar por determinados plantios, um pequeno grupo de agricultores não precisa ter esse tipo de preocupação. É o caso de 30 produtores do Paraná, São Paulo, Minas e Goiás que vendem variedades especiais de soja para o Japão e para a Europa. "Trabalhamos com nichos de mercados e só plantamos depois de fechar os contratos", diz Edwar Sugahara, diretor de operações da Naturalli, empresa responsável pela exportação de grãos especiais. Os grãos vendidos ao Japão foram desenvolvidos especialmente para a alimentação humana e têm menos óleo e 25% a mais de proteínas do que os tradicionais. Além disso, as sojas especiais têm tamanho diferenciado. Tanto cuidado tem recompensa: os carregamentos para o Japão são vendidos com 10% a 15% de bônus em relação aos preços do mercado externo. No Brasil, o negócio de sojas especiais é recente e pequeno. A taxa de crescimento supera 25% ao ano, mas a base de comparação é baixa. Na Alemanha, Espanha, Itália, França e EUA, o consumo de sojas especiais cresce de 20% a 25% ao ano, impulsionado pela demanda por alimentos produzidos a partir do grão. Mas a soja não é o único produto agrícola vendido pelo Brasil por preços acima dos praticados nas bolsas internacionais de mercadorias. Cafés especiais são vendidos por preços 50% superiores aos cobrados no mercado tradicional. "Alguns lotes são vendidos pelo dobro do preço", diz o secretário-executivo da Associação Brasileira de Grãos Especiais (BSCA), Alexandre Gonzaga. Neste ano, os embarques de cafés especiais devem somar 500 mil sacas. A venda de cafés especiais, que têm aromas diferenciados e classificação de origem, começou por volta de 1980 nos Estados Unidos. Mas Gonzaga conta que foi o brasileiro Fernando Aguiar Paiva que, em 1958, começou a vender café especial produzido no município mineiro de Santo Antônio do Amparo para a Alemanha. "Ele falava sozinho e todo mundo dizia que era maluco de apostar em cafés especiais."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.