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Programa do BNDES amplia crédito para caminhões

Mas programa, que tem juros menores, deve acabar em março, depois de esgotar o orçamento de R$ 134 bilhões

Por Alexandre Rodrigues
Atualização:

Com os juros subsidiados do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) para bens de capital, os bancos de montadoras têm aumentado o repasse de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Dos R$ 85,8 bilhões liberados pelo BNDES em operações indiretas entre janeiro e novembro de 2010, cerca de 10% foram para bancos ligados a montadoras de ônibus e de caminhões, também contemplados pelo programa para máquinas e equipamentos. Segundo a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), a linha Finame do BNDES, que financia bens de capital com juros reduzidos pelo PSI, foi utilizada em 71% das vendas de veículos comerciais em 2010. O padrão dos anos anteriores era de 50%. Criado em 2009 para estimular investimentos em meio à crise, o PSI contempla ônibus e caminhões como bens de capital. Os juros foram reduzidos com subsídio do Tesouro e chegam ao tomador com taxas entre 7% e 8% ao ano, sendo ainda menor no programa Procaminhoneiro. Antes, as taxas superavam 12%. Entre julho de 2009 e outubro deste ano, o PSI financiou R$ 28 bilhões em veículos pesados pela Finame e outros R$ 6,7 bilhões pelo Procaminhoneiro. Embora a maior parte dos contratos para veículos comerciais seja feita por meio dos grandes bancos, a demanda alta de caminhões fez as financeiras de montadoras, que já operavam com forte dependência do BNDES, se destacarem ainda mais na lista de credenciados da instituição estatal. Marcas ultrapassadas. Em novembro, o Banco Mercedes-Benz ultrapassou a marca de R$ 3 bilhões no financiamento de 15.530 veículos da montadora, alta de 13% em relação ao mesmo período de 2009. Do total emprestado, 85% veio do BNDES, ultrapassando os R$ 2,52 bilhões que o Mercedes repassou em 2009. O Banco Volvo também elevou sua participação nos recursos do BNDES e superou, em outubro, R$ 1 bilhão. O Banco Volks, que já repassava R$ 2,3 bilhões em 2008, atingiu R$ 3,4 bilhões em novembro. O banco Fidis, ligado à Iveco (Fiat), aumentou em 570% sua participação nas operações indiretas do BNDES ao intermediar mais de R$ 480 milhões em 2010. O Banco Scania, que nem aparecia nos números do BNDES até 2009, repassou no ano passado R$ 41,49 milhões. "Como a taxa final ficou muito atrativa, o PSI acelerou as vendas de caminhões. As prestações ficaram baixas em relação à manutenção de veículos velhos, estimulando renovação de frota", diz Décio Carbonari de Almeida, presidente da Anef e do Banco Volks. Segundo ele, mesmo com o crescimento do crédito para automóveis, os caminhões já representam 45% da carteira do Volks.O crédito barato, combinado com a isenção de IPI para caminhões, turbinou a indústria de caminhões, mas tem prazo para acabar. Embora tenha sido prorrogado três vezes desde 2009, o programa termina oficialmente em março deste ano, esgotando o orçamento total de R$ 134 bilhões.

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