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Projeções para o PIB começam a entrar no azul

Se alta no segundo trimestre for de 2%, como disse ministro Mantega, revisões para cima vão se acelerar

Por Marcelo Rehder
Atualização:

A economia brasileira se recupera da crise e volta a crescer antes que o esperado, dizem os economistas e o governo. Turbinadas pelo desempenho favorável no segundo trimestre, as projeções para a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano começam a transitar do negativo para o positivo.O resultado do trimestre será divulgado sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já antecipou que o PIB cresceu entre 1,8% e 2% na comparação com os primeiros três meses do ano.O número bate com a estimativa da MB Associados, que projeta crescimento de 2% do PIB na margem no segundo trimestre. "Consideramos também que o terceiro trimestre poderá ter um número parecido com isso, talvez um pouco menor", diz o economista-chefe da empresa de consultoria, Sérgio Vale. O fato é que cada vez mais aumenta a chance de o PIB terminar o ano do lado positivo, observa Vale. "Por enquanto, mantemos uma projeção de 0,2%, lembrando que estávamos com previsão de crescimento zero desde o fim do ano passado."Na ponta mais otimista do mercado já há algum tempo, a LCA Consultores prevê crescimento de 0,3% para este ano, enquanto a projeção das mais de 100 instituições financeiras colhidas pelo Banco Central no Boletim Focus é de, em média, uma queda de 0,3%. "Se o resultado do segundo trimestre confirmar o que o governo está sinalizando, o primeiro impacto vai ser as projeções do Focus começarem a passar do negativo para o positivo", diz o economista-chefe da LCA, Bráulio Borges. Além disso, a economia brasileira dá fortes sinais de aceleração da recuperação em razão da retomada da produção industrial."Temos elementos fortes para afirmar que o PIB está acelerando e isso pode levar a LCA a revisar para cima o crescimento do ano", diz Borges.MOTOR DA RECUPERAÇÃOO que está empurrando o PIB para cima é o consumo das famílias, que já tinha mostrado recuperação no primeiro semestre, depois de ter caído no fim do ano passado.O consumo se acelerou no segundo trimestre, impulsionado pelas medidas de isenção fiscal promovidas pelo governo federal, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis e dos eletrodomésticos da chamada linha branca (geladeiras, fogões e lavadoras)."Muita gente diz que, quando acabar esse estímulo, também vai acabar a muleta que estava segurando o consumo familiar", observa o economista da LCA. "Não é bem assim porque ela tirou o consumo do buraco, estimulou todo o mercado via efeito multiplicador e a economia dá sinais de que já consegue andar com as próprias pernas."A Tendências Consultoria Integrada aguarda a divulgação dos números do segundo trimestre para revisar suas projeções para o PIB do ano. "Atualmente, nossa previsão ainda é de retração de 0,6% e achamos que o resultado do segundo trimestre deve de fato surpreender ", diz o economista Bernardo Wjuniski. "Por enquanto, colocamos um viés de alta para os próximos trimestres, mas ainda não dá para avaliar se o número do ano vai ficar positivo.""Ainda tem uma boa margem de capacidade ociosa para ser ocupada, só que a gente acha que isso vai acontecer ainda de forma gradual e a indústria só deverá voltar ao patamar do pré-crise no final de 2010", afirma Wjuniski. O diretor do Departamento de Estatísticas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, diz que existem sinais claros e evidentes de que o pior da crise realmente ficou para trás. "Estamos numa fase de recuperação com uma velocidade e vigor ainda não muito consolidados", diz Francini. Segundo ele, o importante é que, comparativamente com o mundo, "o preço que nós pagamos foi barato, no sentido que ofendeu muito mais a outros países do que nos ofendeu e já estamos numa rota de recuperação".Embora não exista uma projeção formal da Fiesp com relação ao PIB, Francini diz que a entidade previa queda de 1%, mas ultimamente se fixou em torno do número de 0,5% negativo."Ainda que o governo tenha voltado a ter opinião sobre um desempenho positivo do PIB este ano, indicando que ele pode chegar a 1%, achamos que vai ser difícil chegar no zero".Já o economista Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), fundação vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, aposta que o crescimento do PIB este ano deverá ficar entre 0,2% e 1,2%. "Vemos uma recuperação consistente principalmente na ocupação da capacidade ociosa da indústria, que foi a mais afetada pela crise global."

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