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Promessas não cumpridas motivam protestos contra G-8

Veja o especial sobre o G-8

Por Agencia Estado
Atualização:

O Grupo dos Oito - composto pelos sete países mais ricos do mundo e a Rússia -, que abriu seu encontro de cúpula neste final de semana em Evian, na França, tem se esforçado em dirigir o mundo como se não fosse um diretório, mas não é isso o que ocorre na prática. Isso explica os protestos cada vez mais freqüentes entre os que combatem a globalização, uma evolução que só beneficia os países mais ricos. Para o economista alemão Rainier Falk, um dos críticos desse tipo de encontro, o G-8 não aceita assumir a responsabilidade de potência contribuindo para tratar dos males do planeta de forma mais equilibrada. De acordo com ele, os países que formam o grupo agem segundo os próprios interesses estratégicos. Levantamento recente explica muitas das reações negativas, ao mostrar que muitas promessas do G-8 aos 150 países pobres não são cumpridas. Desta vez, o grupo procura melhorar a imagem preocupando-se mais com as nações em desenvolvimento, por meio da iniciativa do presidente francês, Jacques Chirac, de convidar os emergentes para participar do evento. Para Falk, quando se trata de luta anti-terrorista e privatizações, por exemplo, as medidas decididas no G-8 tem seqüência, mas quando se discutem as iniciativas reais de solidariedade com os mais pobres, os resultados têm sido medíocres. Há vários exemplos. Na área de comércio internacional, apesar das promessas, o protecionismo permanece. Países ricos, especialmente Estados Unidos e França, continuam subvencionando fortemente suas agriculturas com US$ 350 bilhões ao ano. Desde 1995, o então G-7 (sem a Rússia) havia prometido contribuir para a redução da dívida, retirando da relação dos países mais endividados cerca de 40 nações pobres. Mas apenas oito deles conseguiram preencher os critérios exigidos, diante da obrigatoriedade de produzir reformas dolorosas. Hoje, a dívida supera os US$ 2 bilhões e o direito a insolvência, análogo às falências de cada país, foi rejeitado pelos Estados Unidos. Também o programa de ajuda ao desenvolvimento caminha a conta gotas. As nações ricas deveriam contribuir com 0,7% de sua renda anual, mas esse mínimo tem sido cada vez mais ignorado e os países do G-7 contribuíram em 2002 com 0,23%. Isso apesar de não faltar promessas como a feita pela Grã Bretanha, por meio do ministro de Finanças Gordon Brown, e que deverá ser confirmada em Evian, dobrando de US$ 50 bilhões para US$ 100 bilhões anuais a ajuda global. Os níveis só são respeitados quando se trata de países amigos, como alguns africanos pela França e Egito e Paquistão pelos Estados Unidos. Na área da saúde, no G-8 de Genova os chefes de estado aprovaram ajuda de US$ 1,5 bilhão, mas só US$ 200 milhões foram destinados até agora. A ONU estima em US$ 10 bilhões as necessidades para combater alguns males com aids, malária e tuberculose nos países mais pobres. Mais uma vez, o G-8 vai anunciar importantes montantes para combater essas doenças, mas só no ano que vem se poderá saber se mais uma vez não passam de promessas que permanecem no papel. Nesse aspecto, a credibilidade do G-8 está em jogo.

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