04 de junho de 2021 | 17h37
Antes mesmo da liberação dos primeiros recursos para empréstimos do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), instituições financeiras já preveem que os valores previstos para 2021 poderão ser insuficientes e uma nova rodada será necessária no fim do ano.
A avaliação foi feita ao Estadão/Broadcast pelo presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), Sérgio Gusmão Suchodolski. A organização reúne 31 instituições financeiras voltadas para o fomento econômico, como o BNDES e o Banco de Brasil. Nove associadas da ABDE ofereceram linhas da primeira etapa do Pronampe, no ano passado, sendo responsáveis por quase 80% dos R$ 37 bilhões emprestados no programa no ano passado.
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Nesta sexta-feira, o governo publicou o projeto de lei que torna o programa permanente e, concomitantemente, uma medida provisória prevendo o aporte de R$ 5 bilhões no Fundo Garantidor de Operações (FGO). Esse valor será usado para cobrir até 20% da carteira total de cada instituição emprestada para o programa. Com isso, a expectativa do governo e dos bancos é que sejam emprestados R$ 25 bilhões.
“Trabalhamos desde o início do ano defendendo uma nova rodada do Pronampe, a demanda será muito forte. Possivelmente será necessária uma nova onda do programa no fim do ano”, afirmou. No ano passado, o governo fez um primeiro aporte de R$ 15,9 bilhões para garantias do Pronampe em maio, e acabou fazendo mais dois adicionais em agosto (R$ 12 bilhões) e dezembro (R$ 10 bilhões).
Suchodolski ressaltou que, com a expectativa de retomada da economia, a tendência é de que as empresas tenham ainda mais apetite por crédito neste ano. “Primeiro, a nossa tarefa é implementar esse volume que está chegando agora e que vai ajudar as empresas que estão com dificuldades e será muito útil. Vamos acompanhar a demanda e voltar a conversa para a segunda onda”, completou.
Também presidente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), ele diz que a instituição mineira já abriu cadastros para clientes interessados nas linhas do Pronampe e acredita que, em cerca de dez dias, os primeiros empréstimos estarão sendo liberados por todo o Brasil. A mesma previsão foi feita pelo secretário de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos Da Costa, em entrevista ao Estadão/Broadcast na quinta-feira, 3.
“Vemos com muito bons olhos essa nova rodada do Pronampe, sobretudo porque ainda estamos vivendo a pandemia, estamos sentindo em nossos clientes a necessidade de credito em termos atraentes para os clientes, e com um fundo garantidor robusto para ter carteiras equilibradas neste momento”, completou.
Nesta nova etapa, o governo reduziu significativamente a cobertura da inadimplência, que era de 85% no ano passado. Para o presidente da ABDE, o programa se mantém atrativo mesmo com cobertura de 20% porque, em média, os fundos garantidores cobrem de 7% a 8% das perdas.
“Quanto maior a cobertura maior o efeito, mas 20% já é significativo. Além disso, teremos taxas um pouco maiores, o que vai trazer novas instituições que não conseguiram desenvolver produtos financeiros atraentes para ofertar linhas nesta etapa”, afirmou.
As taxas cobradas nos financiamentos do Pronampe subiram de Selic + 1,5% para Selic + 6%. “Acredito que teremos mais cinco ou seis instituições que avaliarão entrar nesses novos moldes”, completou. No ano passado, 19 instituições foram habilitadas e 12 ofereceram crédito no programa.
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