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Proposta de meta para dólar e BC com 'parâmetros' pode dificultar formação de equipe

Proposta do candidato Jair Bolsonaro (PSL), de fixar 'metas para o dólar', teve repercussão negativa na área econômica do governo federal

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Por Adriana Fernandes
Atualização:

A proposta do candidato Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República de adotar uma meta para dólar, caso eleito neste domingo, 28, repercutiu negativamente na área econômica do governo federal.

A avaliação corrente é que a sugestão do líder das pesquisas de controle do câmbio, apresentada em entrevista ao site Poder 360, pode dificultar a formação de equipe com reconhecida experiência técnica não só no BC como no restante da área econômica.

Proposta de Bolsonaro repercutiu negativamente entre integrantes da equipe econômica do governo federal. Foto: André Dusek/Estadão

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A proposta fragiliza o tripé macroeconômico, baseado em controle da inflação, responsabilidade fiscal e regime de câmbio flutuante. Ou seja, incompatível com meta para o dólar.

Incomodou, sobretudo, a sinalização dada por Bolsonaro na entrevista de que o homem forte de um eventual governo será o deputado Onxy Lorenzoni (DEM-RS) em contraponto ao economista Paulo Guedes, que ficou conhecido com o seu “posto Ipiranga” e coordenador do seu programa econômico.

Na entrevista ao Poder360, Bolsonaro deixou claro que as indicações para a formação da equipe econômica terão como palavra final o crivo de Onyx Lorenzoni. “Ele (Guedes) tem uma lista de nomes para a equipe econômica e muitos já são do meu conhecimento. Vou conversar com o Paulo Guedes e quem depois vai bater o martelo é o Onyx, que será o coordenador de tudo”, disse.

Um integrante da equipe econômica disse que a posição de Bolsonaro assustou. A fonte lembra que, durante a campanha no primeiro turno, o candidato do PDT ao Palácio do Planalto Ciro Gomes foi bastante criticado pelo mercado por incluir no seu programa proposta que previa que a taxa de câmbio deveria “oscilar, com reduzida volatilidade, em torno de um patamar competitivo para a indústria nacional”. A equipe de Ciro também defendeu na época a criação de uma espécie de Copom para o câmbio.

Bolsonaro e sua equipe já sinalizaram que podem contar com alguns integrantes da equipe econômica, entre eles, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, que poderia permanecer no cargo numa fase de transição. Além do presidente, o BC conta com oito diretores. O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, e o assessor especial do Ministério da Fazenda, Marcos Mendes, também foram são cotados a permanecer no cargo. 

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 Na entrevista ao site Poder 360, o líder nas pesquisas eleitorais disse que pediu ao economista Paulo Guedes a adoção desses parâmetros para o trabalho da autoridade monetária. O candidato afirmou ainda que a indicação para a presidência do órgão será feita já nas próximas semanas. “O presidente do Banco Central terá liberdade para decidir dentro de parâmetros. O controle da inflação não pode ser apenas taxa de juros. O Banco Central deverá ter inteligência", disse o candidato na entrevista concedida na sexta-feira à tarde, por telefone.

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