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Proposta de redução de IPI agride modelo da Zona Franca de Manaus, diz associação

Presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), que representa as empresas da região, diz que a ideia do governo desrespeita o diferencial tributário do polo industrial

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara
Atualização:

A proposta de reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) avaliada pelo Ministério da Economia desagrada a indústria da Zona Franca de Manaus, que tem como um dos diferenciais a isenção de IPI sobre o que produz.

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“Mais uma vez o ministro da Economia Paulo Guedes está agredindo o modelo da Zona Franca e desrespeitando o nosso direito constitucional desse diferencial tributário e o principal deles é o IPI”, afirma o presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco.

O executivo diz que, se for adotada, a medida poderá colocar em risco os cerca de 500 mil empregos diretos e indiretos que há hoje na capital amazonense por conta do polo industrial. Isso ocorre num momento em que o País precisa da geração de vagas de trabalho, argumenta.

Périco frisa que, ao mexer no IPI, o governo aumenta a insegurança jurídica para os investidores estrangeiros. Segundo ele, a maioria das grandes empresas instaladas no polo industrial da Zona Franca são multinacionais. E, diante dessa possível mudança, poderão atender o mercado brasileiro de outro país. “Não tenho dúvida de que a grande maioria das multinacionais vai optar por isso.”

Zona Franca de Manaus; segundo associação,a maioria das grandes empresas instaladas no polo industrialsão multinacionais Foto: Câmara Municipal de Manaus

Ele reforça também que, mesmo com os benefícios tributários concedidos às empresas da Zona Franca de Manaus, o Amazonas é hoje um dos poucos estados superavitários na arrecadação de tributos federais em relação ao repasse compulsório da União recebido. “Devolvemos limpo para o governo três vezes o valor do repasse compulsório.”

Redução linear

Como mostrou o Estadão, o governo Jair Bolsonaro estuda reduzir as alíquotas do IPI linearmente em 15% a 30%. A ideia em discussão é reduzir a alíquota incidente sobre todos os produtos, para não beneficiar setores. Ficariam de fora apenas aqueles que têm “externalidade negativa”, que, por exemplo, trazem prejuízos ao consumidor, entre eles cigarros e bebidas alcoólicas.

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A redução de 30% impactaria em R$ 24 bilhões a arrecadação de tributos, o que também diminuiria o repasse do imposto aos Estados (metade da arrecadação do IPI vai para o caixa dos governadores). 

Ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, citou a possibilidade de reduzir IPI sobre produtos de linha branca, como fogão, geladeira e máquinas de lavar, como forma de auxiliar consumidores de renda mais baixa e indústria. A medida foi adotada nos governos dos presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff para estimular o consumo. / COLABOROU LORENNA RODRIGUES