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Protecionismo impede setor agrícola de exportar R$ 11 bi

Por Agencia Estado
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O Brasil alcançou na última década posição de destaque entre os países mais competivos do mundo no agronegócio. Como conseqüência dessa conquista, o País viu suas vendas aos maiores parceiros comerciais - Estados Unidos, Europa e Japão - limitadas por barreiras tarifárias e não-tarifárias, todas difíceis de derrubar em negociações bilaterais. Só no setor agrícola, o Brasil deixa de exportar US$ 11 bilhões ao ano por conta do protecionismo das nações desenvolvidas, segundo levantamento feito pela Agência Estado. Dessa forma, os países da Ásia, do Oriente Médio e a Rússia despontaram, no ano passado, como os mercados alternativos para as exportações, tradicionalmente dependentes dos maiores importadores mundiais. Mas, apesar das recentes missões comerciais para essas regiões, as portas ainda não estão abertas para o Brasil. "Os asiáticos são mais exigentes na parte sanitária do que Estados Unidos e União Européia", diz Antenor de Amorim Nogueira, coordenador da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). "Temos buscado acordos sanitários com outros países além de Estados Unidos e Europa para desconcentrar a venda", informa. Novos mercados Na avaliação do presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização (Sobeet), Antonio Corrêa de Lacerda, o Brasil pode e deve explorar Índia, China e Rússia, por exemplo. "Mas o retorno não vem da noite para o dia. É preciso promover o produto brasileiro e estruturar bases de exportação motivando nossas empresas a se instalarem lá", aconselha. Foi o caso da Embraer. Depois de mais de um ano de negociações, a empresa conseguiu entrar em acordo com Pequim para instalar uma fábrica de jatos na China. Listadas entre os sete mercados prioritários do Ministério do Desenvolvimento para as exportações, a China e a Índia, têm, juntas, cerca de 900 milhões de consumidores, disputados pelos maiores exportadores mundiais, os quais o Brasil tem de enfrentar para conquistar fatias de mercado. Além disso, essas economias ainda estão bastante fechadas. Restrições É fato que os chineses se comprometeram a baixar seus impostos de importação quando ingressaram na Organização Mundial do Comércio (OMC), no fim do ano passado, mas ainda adotam tarifas médias de 12%. A entrada do suco de laranja e do óleo de soja é restrita. A soja é protegida na China porque o país tem 5 mil esmagadoras ineficientes. No Brasil, são 70, muitas consideradas altamente competitivas. "Por isso, negociar com eles não é fácil", diz Carlo Lovatelli, presidente da Associação Brasileira de Óleos Vegetais (Abiove). Dentro da cota, a tarifa é de 9%. Fora, 85%. O frango brasileiro também não entra no país. E também há cotas para automóveis, motocicletas e borracha, para citar alguns exemplos. O presidente da Sadia e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Luiz Fernando Furlan, diz que já fez sete viagens à China na tentativa de negociar a liberação das exportações de frango para o país, mas até agora não teve sucesso. A tarifa de importação de café da China é de 55%, o que também limita a expansão das exportações. Em 2000, a China importou cerca de 240 mil sacas de 60 kg de café em grão, de um consumo total de 333,3 mil sacas. Mas as importações têm sido insignificantes. Em 2000, foram 267 sacas de café em grão e 333 sacas de café solúvel. Com a entrada na OMC, a tarifa caíra para 30%, devendo ser reduzida paulatinamente entre cinco e dez anos. Já a Índia adota uma tarifa máxima de 35%, mas há exceções como chocolates e balas (67%), maionese (68%) e motos (mais de 100%), por exemplo. Para o Brasil, o país é especialmente atraente porque a partir de 2010, metade da soja utilizada será importada. Com a Índia, as principais oportunidades para o Brasil estão, além do óleo de soja, em algodão, automóveis e autopeças, motores, motocompressores, veículos de carga, ônibus de passageiros, tratores, máquinas agrícolas, de terraplanagem, papel e celulose.

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