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Protesto agrícola na Argentina começa a afetar abastecimento

Por NICOLÁS MISCULIN
Atualização:

O bloqueio de estradas realizado por caminhoneiros que protestam contra o impasse entre agricultores e governo na Argentina começa a restringir o abastecimento de alimentos na principais cidades. Os caminhoneiros exigem que o governo e produtores, que se enfrentam há quase três meses devido a uma alta de taxas de exportação de grãos, cheguem logo a um acordo, uma vez que os protestos no campo também afetam a atividade da categoria. Os agricultores realizam a terceira paralisação das vendas de produtos agrícolas em menos de três meses, o que poderia afetar as exportações de grãos, farelo e óleo da Argentina, um dos maiores fornecedores mundiais desses produtos. O prolongado protesto dos agricultores contra o imposto já prejudicou vários setores da economia, incluindo os transportadores que bloqueiam as estradas do interior do país. "A situação para os transportadores está complicada. O governo deve prestar mais atenção, isso é consequência de não ter havido uma solução para o problema agropecuário", disse a jornalistas Eduardo Buzzi, presidente da Federação Agrária Argentina. A atual paralisação dos produtores consiste apenas na suspensão das vendas de grãos, mas o protesto dos caminhoneiros está impedindo o transporte de qualquer alimento pelas rodovias argentinas e nos próximos dias poderia deixar as cidades sem alguns produtos básicos, como o leite. No Mercado Central de Buenos Aires, que concentra a maior parte das frutas e verduras que chegam à cidade, a chegada de produtos começou a diminuir na quinta-feira. "Há uma pequena diminuição. Está entrando 70 por cento da mercadoria", disse à Reuters uma fonte do mercado que preferiu não se identificar. Ao mesmo tempo em que a TV argentina mostrava centenas de caminhões estacionados nas estradas, representantes do setor afirmavam que um conflito mais prolongado resultaria na perda de milhões de litros de leite. "Esta paralisação na estrada bloqueia todo o desenvolvimento da atividade econômica e coloca em risco, novamente, o abastecimento e pode causar aumento de preços. Acaba sendo uma paralisação contra o povo argentino", afirmou o ministro do Interior, Florencio Randazzo, à Radio Mitre. Em março, uma paralisação de três semanas resultou em desabastecimento de alguns produtos básicos nas grandes cidades. Embora o setor agropecuário tenha anunciado que a paralisação vai terminar no domingo à meia-noite, parece não haver solução à vista, pois a cada vez que as partes se reúnem fica mais gritante a intransigência dos negociadores.

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