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Protesto contra prisões na Schincariol tem baixa adesão

Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de 800 pessoas, segundo a Polícia Militar - 1.200 pelo cálculo dos organizadores - ocuparam a Praça Padre Miguel, no centro histórico de Itu nesta sexta-feira para protestar contra a prisão dos cinco donos, quatro diretores e dois advogados do grupo Schincariol. As prisões ocorreram durante a Operação Cevada, desencadeada no último dia 15, pela Polícia Federal. O grupo é acusado de fraudes fiscais. A empresa antecipou a saída dos funcionários do primeiro turno na fábrica de Itu para engrossar a manifestação. Eles se dirigiram ao centro em 25 ônibus da frota que transporta os empregados da cervejaria. Os 150 mil moradores da cidade foram convocados através de folhetos e carros de som, mas compareceram em número menor que o esperado. O prefeito Herculano Júnior (PV) atribuiu ao horário. Houve também a concorrência do velório e sepultamento do empresário Hélio Chierighini, pessoa muito conhecida na cidade. O prefeito e políticos espalharam faixas na cidade manifestando solidariedade à família. O ato foi aberto com o hino nacional. Herculano Júnior subiu no carro de som para defender a Schincariol. "Não é prendendo e paralisando a empresa que o governo vai receber os impostos." Ele disse que a fábrica é a maior geradora de empregos e faz parte da cidade. "É uma empresa ituana e brasileira, a cervejaria é nossa." Ditadura O público agitava bandeiras brancas com os dizeres, em vermelho: "Ditadura Nunca Mais, apoio à família Schincariol". Sindicalistas, políticos e empresários se revezaram nas críticas às prisões. O presidente da União Brasileira de Vereadores, Francisco Botta, de Osasco, classificou de "hipocrisia hollywodiana" a ação da PF. Ele disse que o País está vivendo uma ditadura fiscal. "O que aconteceu aqui, está acontecendo ou vai ocorrer em outras cidades. Pessoas que trabalham estão sendo perseguidas por gente que nunca trabalhou e hoje ocupa cargos no governo." O empresário Fernando Dini, de Sorocaba, foi na mesma linha. "Se aceitarmos isso, qualquer um de nós poderá ser arrancado de casa, como na ditadura ." Agnelo D`Labelle, fabricante de lingeries em Campinas, viajou a Itu para levar solidariedade. "Não conheço a família, acredito que eles foram condenados antes do julgamento." As pessoas da cidade se uniram ao protesto porque conhecem os Schincariol. "São pessoas dignas, de respeito e tratam os funcionários com muita humanidade", disse a dona de casa Gerinalda Conceição de Lima, de 57 anos. Para a administradora de empresas Fernanda Souza, 27, não foi correto prender e algemar. "Se sonegaram, o certo é responder ao processo e pagar." Ela criticou o excesso de impostos no País e lembrou que trabalha numa empresa que fatura R$ 1,5 milhão por ano, acumula dívida de R$ 10 milhões de impostos dos últimos 30 anos e os donos foram ameaçados de prisão. "São pessoas humildes", acrescentou. O prefeito disse não concordar com a decisão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de suspender os financiamentos da Schincariol. "Isso vai na contramão da política do governo de gerar empregos. O grupo tem condições de pagar tudo, se puder continuar trabalhando." Inviolabilidade O presidente da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil em Sorocaba, Antonio Carlos Delgado Lopes, entregou ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que estava na região para uma cerimônia de incineração de drogas, uma nota de repúdio à prisão de dois advogados da Schincariol pela PF. Segundo ele, com base em mandados genéricos, os policiais apreenderam todos os computadores do escritório, ferindo o princípio da inviolabilidade. De acordo com Lopes, o ministro já mandou devolver os computadores e prometeu baixar portaria alterando o procedimento de buscas em escritórios de advogados. Informado do protesto na Schincariol, Bastos disse que todas as buscas, apreensões e prisões foram precedidas de autorização judicial. "A sonegação é um crime tão grave como qualquer outro, pois retira do poder público dinheiro que podia ser aplicado na construção de escolas e projetos sociais." O diretor geral da PF, Paulo Lacerda, disse que, na ação, foram usados os meios legais. "São os meios que se usam para combater a qualquer tipo de ilícito." A Operação Cevada, segundo ele, foi respaldada pelo Ministério Público e pelo Judiciário.

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