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Protestos Anti-Trump se organizam em Davos

Mesmo sabendo que dificilmente terão êxito, grupos esperam convocar manifestantes para 'recepcionar' Trump no aeroporto de Zurique

Por Jamil Chade e Genebra
Atualização:

GENEBRA – Entidades suíças e mesmo políticos se organizam para pedir que o país não receba o presidente americano, Donald Trump, a partir do dia 23 de janeiro em Davos. O chefe da Casa Branca participará do Fórum Econômico de Davos. Mas o anúncio de sua visita mobiliza grupos de oposição.

Os organizadores do evento entre a elite da economia mundial insistem que tem, como regra, convidar todos os chefes-de-governo dos países do G-20, independente de quem esteja no poder. Neste ano, além de Trump, Davos deve contar com Emmanuel Macron, da França,Narendra Modi, da Índia, e o presidente brasileiro Michel Temer. 

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Para diversos grupos, o clima de rejeição a Trump pode superar atéos protestos europeus realizados há mais de uma década contra George W. Bush e sua ofensiva no Iraque. Foto: Carlos Barria/Reuters

Mas, para entidades suíças, é a presença do americano que gera indignação. Ele será o primeiro chefe da Casa Branca desde 2000 a visitar Davos. Num comunicado, o Partido Socialista do Canton de Grison, onde Davos fica situado, dá o tom dos protestos. “O sexismo, o ódio contra os estrangeiros, a segregação, a negação das mudanças climática e a política econômica retrógrada não são bem-vindas”, disse. 

Para diversos grupos, o clima de rejeição a Trump pode superar atéos protestos europeus realizados há mais de uma década contra George W. Bush e sua ofensiva no Iraque. Foto: Carlos Barria/Reuters

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Para diversos grupos, o clima de rejeição a Trump pode superar até mesmo os protestos europeus realizados há mais de uma década contra George W. Bush e sua ofensiva no Iraque.  

A presidente da Juventude Socialista da Suíça, Tamara Funiciello, já lançou nesta semana uma petição, solicitando que o Conselho Federal do país se recuse a receber o atual presidente americano. “Não podemos ficar de braços cruzados diante de um racista e sexista”, disse. O grupo confirma que está em contato com partidos de outras partes da Europa para que uma manifestação seja organizada. “Trump, você não é bem-vindo”, diz uma mensagem do grupo. 

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 Dias antes de Davos, o Fórum Alternativo, que se organiza regularmente na cidade de Zurique, também promete realizar um protesto anti-Trump. A ong suíça, Campax, também lançou uma petição para demonstrar sua insatisfação em relação à visita do americano. Em menos de 24 horas, ela diz que reuniu mais de 3 mil apoios.

Mesmo sabendo que dificilmente terão qualquer tipo de êxito, o grupo espera convocar manifestantes para formar “um comitê de recepção” a Trump no aeroporto de Zurique. Grupos mais radicais, como a entidade Revolutionär, de Berna, prometem começar a manifestar já neste fim de semana, o que chamou a atenção da polícia suíça.

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Em Genebra, a Marcha das Mulheres, que no ano passado reuniu milhares de pessoas em diferentes cidades do mundo contra Trump, promete voltar a sair às ruas no dia 21 de janeiro, às vésperas de sua chegada. 

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Oportunidade. Mas há quem veja a visita como uma “oportunidade”. O presidente suíço, Alain Berset, indicou que deseja “realizar contatos com as autoridades americanas”. Para os organizadores do Fórum, a visita é uma garantia de uma atenção internacional, mesmo que oficialmente o evento tenha um cunho de liberalismo econômico.

Muitos, porém, temem que Trump use o encontro para insistir sobre sua política protecionista: “America First”. Para o deputado suíço Laurent Wehrli, a disposição do americano em debater diante dos maiores chefes de empresas do mundo já é algo positivo. “Mensagens de tweet não bastam”, disse, numa alusão à prática do presidente americano de transmitir sua política pelas redes sociais.  

“Trump vai usar Davos para tentar reconquistar algum tipo de respeitabilidade internacional”, prevê Manuel Tornare, ex-prefeito de Genebra e hoje deputado no Parlamento da Suíça.  

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Davos prevê que, diante da presença de Trump, terá de estabelecer um esquema de segurança superior ao que foi organizado para a presença do presidente da China, Xi Jinping, em 2017. No ano passado, mais de US$ 9 milhões foram gastos na segurança. 

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