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Provedores de internet investem em TV a cabo

Com a expectativa de abertura do mercado, pequeno empresário já substitui sua rede

Por Naiana Oscar
Atualização:

A abertura do mercado de TV a cabo, autorizada no ano passado pela Anatel e regulamentada em junho deste ano, já movimenta pequenos provedores de internet nas cidades do interior do País. Com a expectativa de que novas outorgas para a prestação do serviço serão concedidas até o fim do ano, esses empresários começaram a substituir a banda larga via rádio por redes de fibra óptica, que têm capacidade de fornecer internet, telefonia e serviços pagos de TV. Neste ano, pela primeira vez, as associações que reúnem os pequenos provedores participarão do evento anual da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA), que será realizado entre os dias 9 e 11 de agosto em São Paulo. Os empresários dividirão o estande com a Telebrás. "Esse é o momento claro de se aproximar desses empreendedores, porque eles terão papel muito importante nos próximos anos", diz Alexandre Annenberg, presidente da entidade. Com as mudanças feitas pela Anatel, os provedores podem conseguir uma licença pelo valor fixo de R$ 9 mil. Antes, as autorizações eram concedidas apenas por meio de um leilão - o último ocorreu há uma década. Dos 3 mil provedores de internet espalhados pelo País, 2,5 mil têm licença para oferecer serviços de comunicação multimídia. Alguns deles, já operam em telefonia, mas querem transmitir também conteúdo para TV. "O mercado depende de pacotes", diz Marcelo Siena, presidente do Conselho Nacional das Entidades de Provedores de Serviços de Internet (Conapsi). "Só com internet, o provedor fica em desvantagem competitiva." Briga. A corrida dos pequenos provedores para não serem engolidos pela concorrência já começou. No interior de Minas, o empresário Manoel Santana investirá R$ 12 milhões nos próximos dois anos para expandir a rede fibra óptica e adquirir os equipamentos que permitem a transmissão de conteúdo para TV. A empresa dele, chamada Via Real, está sediada em Conselheiro Lafaiete, a 35 km de Belo Horizonte, mas atende outros nove municípios da região. "Temos uma atuação local, conhecemos de perto as necessidades das pessoas", diz, ao falar de suas vantagens em relação aos gigantes do setor. "Pegamos o cliente na mão, resolvemos os problemas do Word, do Excel, nos encontramos na padaria, no barzinho..."Santana diz que, como ele, outros 40 pequenos provedores mineiros estão investindo em redes de fibra óptica. A demanda é tanta que os fornecedores de cabos já não conseguem entregar o produto num prazo inferior a dois meses. Modernizar a rede, no entanto, é só o primeiro passo que esses empresários precisam dar para abocanhar definitivamente uma fatia do mercado de TV por assinatura - presente hoje em apenas 282 municípios brasileiros. Com rede e uma outorga em mãos, eles precisarão de conteúdo. Comprar a programação dos grandes negociadores do mercado não sai barato. Há 12 anos, isso já levou os operadores de TV a cabo de pequeno porte a se reuniram em uma associação - a NeoTV - para adquirir os pacotes em conjunto e pleitear descontos. A partir deste ano, a entidade abriu as portas também para os pequenos provedores de internet. O primeiro deles a integrar a associação foi o empresário Seilly Heumann, da MultiServ Telecom, que presta serviços de telecomunicação e informática no município paulista de Vargem Grande Paulista. Com uma rede de 45 km, toda de fibra óptica, Heumann atende o maior condomínio residencial da cidade. Ele oferece internet, telefonia, interfonia, sistema de segurança e transmite sinais de TV aberta. "Já temos os equipamentos e estamos só esperando as outorgas para oferecer TV a Cabo", diz. A MultiServ pretende investir R$ 5 milhões nos próximos cinco anos para atingir 25 mil clientes. Para Annenberg, essas empresas tem chances de crescer em regiões distantes que, no momento, não interessam às grandes operadoras. "Daqui a alguns anos, é provável que essas operações locais sejam absorvidas por grandes players de mercado."

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