BRASÍLIA - Na esteira da maior aproximação com o PT depois que a operação Lava Jato levou o ex-presidente a prestar depoimento de forma coercitiva, as lideranças do partido pressionam a presidente Dilma Rousseff a não encaminhar a proposta de reforma da Previdência ao Congresso Nacional. Mas o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, segue com a intenção de enviar o projeto no final de abril como o programado, segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. A aprovação de mudanças nas regras para a aposentadoria é a principal estratégia do ministro Barbosa para o reequilíbrio das contas públicas no futuro. Sem essa sinalização para os gastos com a Previdência, a reforma fiscal apresentada pela equipe econômica, que inclui um teto para o gasto, fica sem o alicerce, de acordo com interlocutores da área econômica.
Os interlocutores admitem, no entanto, que o fator político agravado pelo depoimento de Lula na sexta-feira pode acabar modificando o "timing" do envio da proposta, embora a presidente tenha concordado em levar adiante a reforma. Barbosa avalia, no entanto, que é preciso encaminhar a medida em abril. Quando assumiu o cargo, no final do ano passado, a intenção do ministro manifestada em entrevistas era a de concluir a proposta em janeiro, o que não ocorreu devido às resistências do ministro da Previdência, Miguel Rossetto. "Não dá para ser autista e fingir que não tem uma crise política", admitiu uma fonte do Ministério da Fazenda. O ministro e sua equipe correm para concluir, na próxima semana, a proposta de reforma fiscal (que inclui o teto para gasto) e de alongamento da dívida dos Estados com a União. A intenção é enviar as duas mudanças no mesmo projeto que altera a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A proposta está em fase final de negociação com os governadores.