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Publicitários trocam agências pela internet

Um em cada três profissionais quer mudar de emprego nos próximos 12 meses, diz pesquisa

Foto do author Fernando Scheller
Por Fernando Scheller e CANNES
Atualização:

As agências de publicidade deixaram de ser o grande vetor da criatividade no mundo, tendo perdido esse posto para empresas que são referência em inovação, especialmente no ramo da internet e tecnologia, como Google, Facebook e Apple. Essa visão pessimista do negócio é dos próprios publicitários, segundo pesquisa divulgada pela agência americana Deutsch LA durante o Cannes Lions Festival Internacional de Criatividade.Os grandes grupos de propaganda do mundo começam a sofrer um problema de retenção de profissionais. Entre os cerca de 1,5 mil publicitários ouvidos pela pesquisa, 33% disseram que pretendem trocar de emprego nos próximos 12 meses. Segundo a sócia e diretora de contas da Deutsch LA, Kim Getty, quem sai não quer necessariamente permanecer no mundo da propaganda. Boa parte desses trabalhadores quer trabalhar para empresas campeãs em inovação.O levantamento mostra que, para dois terços dos entrevistados, as pessoas mais criativas estão fora das agências de publicidade. Além disso, boa parte dos profissionais que hoje estão nas agências não exatamente escolheu esse caminho: 42% dizem que entraram no ramo por acaso, enquanto somente 24% afirmaram que trabalham com propaganda porque realmente gostam muito do que fazem. Metade dos pesquisados disse que se vê trabalhando em outro setor no futuro."Isso se explica pelo fato de que, desde os tempos da série Mad Men, o que é feito no ramo da publicidade mudou muito pouco", afirma Kim Getty. Hoje, a inovação está muito mais relacionada aos ramos de tecnologia (citado por 49% dos entrevistados como fonte de novidades) e na internet (escolha de 69%). A executiva diz que já viu profissionais trocarem cargos sênior em agências de propaganda por posições sem prestígio nas empresas que mais admiram.Soluções. Para tentar combater a "sangria", a Deutsch resolveu trazer parte das vantagens percebidas em empresas como Google, Facebook e Apple para dentro de casa. Os funcionários passaram a trabalhar em times menores, a ganhar mais crédito pelo trabalho realizado (em vez de ter de dividir o reconhecimento com o chefe) e agora são incentivados a desenvolver projetos pessoais, muitas vezes recebendo apoio de marketing do empregador para divulgá-los.Essa busca pela retenção de talentos também é um problema no Brasil, de acordo com publicitários como Sérgio Valente, presidente da DM9DDB. Ele conta que uma das estratégias da agência é incentivar os interesses pessoais de formação da equipe. "Financiamos MBAs, viagens, seminários, palestras e cursos. Pode ser qualquer coisa, desde que a pessoa consiga provar que tenha relação com o negócio."Ainda falta informação sobre planejamento de carreira ao publicitário, na opinião do vice-presidente acadêmico da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Alexandre Gracioso, que também fez palestra durante o Cannes Lions. "Mesmo quando a pessoa está preparada para trabalhar, falta a competência para o relacionamento dentro da empresa", diz.

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