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Puxada pela queda nos combustíveis, IPCA-15 registra deflação de 0,59% em maio

Deflação para o mês é a maior desde o início do Plano Real; preço da gasolina caiu 8,51% e representou o maior impacto negativo no índice

Foto do author Cicero Cotrim
Por Daniela Amorim (Broadcast) e Cicero Cotrim (Broadcast)
Atualização:

RIO e SÃO PAULO - Em meio à pandemia do novo coronavírus, o País registrou a maior deflação desde a implantação do Plano Real, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação oficial. Os preços da economia recuaram 0,59% em maio, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 26.

Os combustíveis e as passagens aéreas foram os principais responsável pelo recuo. A gasolina ficou 8,51% mais barata, enquanto as tarifas aéreas despencaram 27,08%. Em maio, diminuíram os custos das famílias com transportes, habitação, vestuário, saúde e cuidados pessoas e despesas pessoais.

Segundo o IBGE, o preço dagasolina teve queda de8,51% até meados de maio. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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Os alimentos voltaram a ficar mais caros, mas subiram menos. Os consumidores pagaram mais pela cebola (33,59%), batata-inglesa (16,91%), feijão-carioca (13,62%), alho (5,22%) e arroz (2,59%). Por outro lado, caíram os preços da cenoura (-6,41%) e das carnes (-1,33%).

O resultado surpreendeu até mesmo os analistas mais otimistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam uma deflação mediana de 0,47% em maio.

O economista-chefe da gestora de recursos Ativa Investimentos, Étore Sanchez, prevê uma deflação entre 0,50% e 0,55% no IPCA fechado do mês de maio. Segundo ele, o resultado do IPCA-15 reforça a necessidade de corte na taxa básica de juros, a Selic.

O cenário do País deve permanecer deflacionário até o fechamento do mês, mas a tendência é que os índices de preços voltem a variações positivas a partir de junho, previu a economista Julia Passabom, do Itaú Unibanco. Ainda assim, os preços de serviços devem continuar contendo qualquer chance de uma inflação mais alta, segurados tanto pela redução da demanda em meio à pandemia do coronavírus, quanto pela deterioração da atividade.

"Enquanto temos esses estabelecimentos fechados, os fundamentos por trás disso também vão piorando. O hiato do Produto, que já está aberto, vai abrir ainda mais. Temos aumento do desemprego e a inflação em 12 meses rodando perto de 2,0%, gerando uma inércia muito tranquila", disse Julia, que espera uma inflação de 2,0% ao fim de 2020.

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O Itaú Unibanco estima que o Banco Central (BC) reduza a taxa Selic em 0,75 ponto porcentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), chegando ao final do ano em 2,25%.

Para o economista-chefe da gestora Garde Asset, Daniel Weeks, a deflação do IPCA-15 de maio reforça a avaliação de que a dinâmica da crise causada pelo coronavírus é desinflacionária e aumenta a expectativa de que o Copom retire 0,75 ponto porcentual da taxa Selic em junho.

"Se o BC está comprometido em trazer a inflação para a meta em 2021, teria que cortar além desses 0,75 ponto porcentual", opinou Weeks.

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