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Puxado por investimento e indústria, PIB supera estimativas e cresce 1,5%

Crescimento. Analistas revisam projeções e voltam a falar em até 2,7% no ano; governo e setor privado recebem o resultado com cuidado, mas o ministro Guido Mantega diz que 'o pior passou'; maior preocupação agora é com o desempenho do terceiro trimestre

Por Vinicius Neder
Atualização:

/ A surpresa da economia brasileira no segundo trimestre, que superou todas as estimativas avançando 1,5% em relação aos três primeiros meses do ano, reconduziu as estimativas do mercado financeiro para o crescimento de 2013 a até 2,7%. Ao mesmo tempo, elevou as dúvidas em relação ao desempenho econômico na segunda metade do ano e também para 2014. Divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas produzidas no País), se anualizada, corresponde a uma taxa de cerca de 6%. A alta de 1,5% em relação ao trimestre anterior também foi a maior nessa comparação desde o primeiro trimestre de 2010 (2%). Outra boa notícia foi o segundo trimestre, assim como o primeiro, ter um padrão em que, em vez do consumo familiar, indústria e investimentos puxam o crescimento. Entre as revisões de projeções de crescimento para 2013 está a do banco de investimento americano JPMorgan - de 2% para 2,3%. O também banco de investimentos Goldman Sachs elevou a projeção de 2,3% para 2,7%. De 2,1%, a Tendências Consultoria deverá passar para 2,3% ou 2,4%, segundo a economista Alessandra Ribeiro. A Gradual Investimentos elevou sua previsão de 2,1% para 2,7%. Os dados foram recebidos com entusiasmo cuidadoso tanto pelo governo quanto pela iniciativa privada. "O pior passou, o fundo do poço foi superado", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Nosso desafio agora é manter a expansão do investimento", disse o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Já para o presidente do conselho de administração do Bradesco, Lázaro Brandão, o resultado mostra "que temos condições de retomar o crescimento sustentável". A euforia foi moderada devido à incógnita sobre este terceiro trimestre. Segundo pesquisa feita após a divulgação dos dados pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o crescimento do terceiro trimestre ficará em torno de zero, ante o segundo. A indústria, com alta de 2% no trimestre passado, teve o melhor desempenho desde o segundo trimestre de 2010, quando estavam em vigor os incentivos da chamada política "anticíclica" contra a crise mundial. Embalada pela redução do IPI, juros diferenciados, valorização do real e Selic em queda, a indústria avançou tanto no primeiro (2,1%) quanto no segundo (2,7%) trimestres daquele ano, para depois alternar sucessivos resultados próximos de zero - muitas vezes negativo, como o do primeiro trimestre de 2013 (-0,2%). Agora, o salto industrial começa a dar sinais de que pode não manter o fôlego.Pesquisas recentes, porém, como a da Confederação Nacional da Indústria e da Fundação Getulio Vargas, mostram elevação de estoques e queda na disposição para investir. Na comparação com o primeiro trimestre, a taxa de investimentos (FBCF, Formação Bruta de Capital Fixo) também se destacou, com alta de 3,6%. / COLABORARAM ALTAMIRO SILVA JÚNIOR, FÁBIO ALVES, IRANY TEREZA, LUCIANA COLLET, LUCIANA NUNES LEAL, FRANCISCO CARLOS DE ASSIS E BEATRIZ BULLA

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