A consolidação das empresas do agronegócio deve se acelerar em 2022, segundo a PwC. “Há tendência de concentração em muitas cadeias do agro, o que nos leva a crer que este ano terá alto volume de transações”, diz Leonardo Dell’Oso, sócio da consultoria no Brasil. Os segmentos de distribuição de insumos, fertilizantes, proteína animal e frutas tendem a ser alvo de fusões e aquisições (chamadas de M&As em inglês). Duas já são de conhecimento público - uma feita pela Lavoro e outra pela Eurochem. Pelo menos outras 5 a 8 M&As estão em andamento - estas sendo assessoradas pela PwC, antecipa Dell’Oso. Devem ser concluídas em três a seis meses e envolvem insumos, reflorestamento e fertilizantes.
Cenário fortalece apetite por união
A restrição de crédito bancário, a elevada liquidez de fundos de investimento e a capitalização de empresas favorecem o movimento de fusão do setor, diz Dell’Oso. “O agro por si só, pelo crescimento e peso na economia, se torna muito atrativo.”
Tecnologia ganha particular atenção
As agtechs também devem surfar na onda das M&As do agro com apetite de fundos e empresas em incorporar essas tecnologias. “Devemos ver boom de negócios em 2022 e 2023”, observa Dell’Oso. Em paralelo, o segmento tende a prosseguir com a forte expansão dos últimos anos, com o surgimento de novas startups.
Aproveita
A Unigel exportou na última semana 18,5 mil toneladas de amônia pelo Porto de Aratu-Candeias (BA). O volume, recorde, se destina a Madagáscar e África do Sul, mercados que se abrem em momento de escassez de fertilizantes. “Além de se tornar uma empresa relevante no agronegócio, a Unigel também dá um importante passo na integração da cadeia de valor ao produzir amônia”, diz o CEO, Roberto Noronha Santos. O composto químico também é usado na produção de acrílicos.
Deu certo
A mineira Satis, de nutrição vegetal, quer crescer 40% em faturamento neste ano. Em 2021, viu suas vendas avançarem 32%, principalmente com fertilizantes foliares, organominerais e biológicos. É da aposta em produtos já no mercado que vem o otimismo, segundo Endrigo Bezerra, CEO. “Neste ano, queremos atuar também no Paraná, visando à safra 2022/23, além de ampliarmos a atuação no Centro-Oeste e no oeste baiano.”
Reforço
A Satis reforçará o trabalho em café, especialmente nas regiões de Minas Gerais e São Paulo, e em hortifrútis no Nordeste. A fabricante vai destinar R$ 12 milhões para a expansão do seu parque fabril em Araxá (MG), em pesquisa e desenvolvimento, marketing e no aumento da equipe de campo até o fim de 2022. “Este será um dos anos com mais investimento, de 12% a 13% do faturamento”, afirma.
Ganho
O presidente da Embrapa, Celso Moretti, vê espaço para novas tecnologias destinadas à produção de grãos após a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) considerar que variedades de cana-de-açúcar obtidas a partir da edição genômica não são transgênicas. A técnica permite modificar uma sequência do DNA para melhoramento de plantas sem a introdução de um gene retirado de outra planta, caso dos transgênicos. “Podemos fazer soja e milho tolerantes à seca com essa ferramenta”, diz o presidente da Embrapa.
Mais em conta
A vantagem da edição genômica é uma economia de no mínimo US$ 100 milhões - este é o custo do processo regulatório de aprovação dos transgênicos -, além da perspectiva de aprovação mais rápida. “Vai ser um salto brutal na agricultura brasileira”, avalia Moretti, destacando o potencial de “democratizar o uso de ferramentas biotecnológicas”. A Embrapa tem 208 técnicos atuando com edição genômica juntamente com 23 instituições parceiras.
Na safra, Economia prioriza equalização de taxas
Levantar R$ 2,9 bilhões para equalizar taxas de juros de linhas do Plano Safra é prioridade “zero” do Ministério da Economia, diz Rogério Boueri, subsecretário de Política Agrícola e Meio Ambiente da pasta. A contratação de linhas subsidiadas está suspensa após o dinheiro para subsídio das taxas ter acabado com a alta da Selic, para 10,75% ao ano.
Trimestre positivo para empresas agropecuária
Empresas do agro divulgam balanços e os resultados, no geral, devem ser positivos, diz Thiago Duarte, do BTG Pactual. “Preços das commodities são favoráveis.” O trimestre deve ser “excepcional” para empresas de carne bovina que operam nos EUA, onde consumo e oferta são crescentes.