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Quadro para próximo governo é melhor que em 2003, diz Bird

Próximo presidente terá cenário mais positivo, segundo o diretor executivo pelo Brasil e mais oito países no Banco Mundial (Bird) em Washington, Otaviano Canuto

Por Agencia Estado
Atualização:

O próximo presidente do Brasil terá pela frente um cenário bem mais positivo que o encontrado no início do atual governo, na avaliação do diretor executivo pelo Brasil e mais oito países no Banco Mundial (Bird) em Washington, Otaviano Canuto, em entrevista ao Broadcast Ao Vivo. "O quadro está muito melhor do que em 2003, quando o País sofria com o impacto de uma fuga de capital, desvalorização brutal do real e inflação alta", disse. Segundo ele, além dos juros estarem mais baixos e a inflação controlada, houve modificações importantes no quadro fiscal. "As políticas fiscal e monetária estão melhores do que há quatro anos", avaliou, ressaltando também a melhora na balança de pagamentos. O cenário internacional, de acordo com o economista, deve continuar favorável para o Brasil e demais emergentes, apesar da desaceleração da economia dos Estados Unidos. "Há sinais claros de que o dinamismo na Ásia tende a se manter", afirmou. O desempenho da Europa, ressaltou ele, também está um pouco melhor que nos últimos anos. Mesmo a desaceleração nos EUA não tende a ser muito severa. "A desaceleração não deverá se fazer com um mergulho em crise", disse o economista, que criticou as previsões catastróficas que têm sido feitas sobre a economia norte-americana. PIB Para Canuto, é possível que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresça de 4% a 5% nos próximos anos. Segundo ele, a chave para um crescimento mais vigoroso está nos investimentos. "O próximo governo vai aproveitar para ver o que é possível fazer para readequar investimentos no gasto público. É possível melhorar a qualidade do gasto público", afirmou. Além do gasto público, Canuto frisou que será importante melhorar o quadro regulatório do País, o que incentivará melhorias em infra-estrutura. Canuto disse que a economia brasileira terá o centro do crescimento deslocado para a "dinâmica doméstica". "Portanto o cenário internacional, naquilo que nos interessa no momento, vai continuar favorável. O peso relativo da expansão do consumo doméstico vai ser um pouco maior do que nos últimos anos." Isso significa dizer, segundo Canuto, que não deve haver grande preocupação com uma diminuição nas exportações ou nos superávits da balança comercial. "A economia pode conviver muito bem com um saldo comercial menor do que nos últimos anos", avaliou. Sobre os juros, Canuto se negou a fazer previsões. "A velocidade, o timing dos juros não se definem só pelo achismo. Há uma obsessão com a (taxa básica de juros) Selic. Acho que o foco está errado", criticou. Para ele, o cenário é favorável para a queda dos juros, sem mais riscos de perder o controle inflacionário, mas que o tema não pode ser transformado em objetivo de política. "O crescimento de 5% depende menos de taxas de juros e mais de investimentos", explicou. O diretor do Bird disse ainda acreditar que o próximo governo terá condições em fazer as reformas da Previdência e Tributária. "Há convergência de visões sobre o que é preciso ser feito". Dependência Na opinião de Canuto, os países emergentes, como é o caso do Brasil, estão menos dependentes do Banco Mundial. Ao contrário das décadas passadas, o Brasil e países como México e Chile, têm dinheiro em caixa e uma necessidade cada vez menor de empréstimos. "Hoje a importância é cada vez menor como supridor de dinheiro. A relação entre países de renda média tende a evoluir para parcerias", afirmou. Segundo ele, os trabalhos do Bird com o Brasil estão mais na direção de transferência de tecnologia. A função de financiador agora está direcionada mais para países de renda baixa. Ainda assim, o Bird deve fechar o ano com carteira de financiamento de US$ 1,2 bilhões destinados ao Brasil, de acordo com o diretor. Antes de ocupar o cargo no Bird, para o qual foi eleito para mais dois anos, Canuto foi secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda do governo Lula.

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