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Presidente do Conselho de Administração do Bradesco

Opinião|Quanto menos sobressaltos na economia, mais forte e consistente será a retomada

Capacidade de crescimento do País sem gerar desequilíbrio econômico está hoje em, no máximo, 2,5%

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Atualização:

Soluções mágicas não existem, ainda mais na economia. Quando tentadas, costumam atingir o inverso do esperado e, pior, causam traumas e estragos que podem levar anos para serem superados. Na direção oposta, as que se inserem em um conjunto consistente e sustentável podem exigir mais paciência e sacrifícios, mas conseguem render frutos de longo prazo.

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É esse o contexto sobre o qual vale refletir neste início de ano. Diante do atual patamar da inflação, a ação tempestiva e decidida do Banco Central na política monetária endereça o retorno à meta. É uma solução clássica e correta, que traz previsibilidade e a percepção de que estamos voltando à normalidade. A origem da inflação atual está associada, entre outros fatores, a um fenômeno global de choque de oferta, o que alonga a sua curva de inflexão. O fundamental é que as expectativas estão sendo novamente ancoradas, como dizem os economistas.

A outra grande questão que se tornou foco dos mercados no ano passado foi o controle das contas públicas. Também nesse caso, os dados apontam para sua parametrização. Temos uma visão razoável sobre como está o Orçamento, qual o tamanho do déficit a cobrir e a tendência da dívida pública. E como sabemos, a inflação tem impacto na arrecadação de impostos. Esses elementos somados reduzem a incerteza.

Resta o grande desafio de retomar o crescimento econômico, requisito essencial para reduzir a desigualdade social e aumentar os índices de emprego. Esse deve ser o primeiro item da agenda brasileira após realizado o encaminhamento do ajuste monetário e o monitoramento da questão fiscal.

Desafio é retomar crescimento econômico, requisito para reduzir desigualdade social Foto: Fábio Motta/Estadão

A nossa capacidade de crescimento sem gerar desequilíbrio econômico está hoje ao redor de 2% ou 2,5%, no máximo. Não é suficiente para criar riqueza e reduzir a desigualdade. O Brasil, com sua vocação histórica para crescer, não pode se acomodar.

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É fundamental quebrar esse ciclo, superar essa barreira do chamado PIB potencial. O caminho será sintonizar mais medidas de ajuste fiscal a partir de reformas estruturais e modernização do Estado, respeitando a realidade social brasileira. A negociação política e a visão social, ademais, devem conviver de forma harmônica com os parâmetros da livre iniciativa e do mercado.

Quanto menos sobressaltos, e quanto mais previsibilidade na condução econômica, mais forte e consistente será a retomada.

A prioridade é fazer o PIB crescer de forma vigorosa!

Minha aposta é pelo crescimento.

*PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO BRADESCO. ESCREVE A CADA DUAS SEMANAS

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Opinião por Luiz Carlos Trabuco Cappi
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