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Quase 65 milhões de brasileiros tinham contas em atraso em janeiro

O número de inadimplentes subiu em relação a dezembro e se aproxima do recorde registrado em abril de 2020, no auge da pandemia; o aumento da inflação deve piorar o quadro de calote para este ano

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Por Márcia De Chiara
Atualização:

O número de brasileiros inadimplentes voltou a subir em janeiro e se aproxima do patamar recorde atingido no início da pandemia, em abril de 2020, de 65,91 milhões de pessoas. Em janeiro deste ano, 64,82 milhões de pessoas estavam com contas em atraso, 850 mil a mais do que no mês anterior. O valor total das dívidas atingiu R$ 260,7 bilhões, 3,48% a mais do que em dezembro. 

Esse avanço e a perspectiva de que o quadro do calote continue piorando, por causa da inflação e desemprego em alta – e o quadro de incertezas provocado pela guerra na Ucrânia –, fizeram a Serasa, birô especializado em informação de crédito, realizar pela primeira vez um feirão emergencial de renegociação de dívidas. O evento presencial e online começou no dia 7 deste mês e vai até o dia 31 de março. 

Inadimplência voltou a subir em janeiro; 64,82 milhões de pessoas estavam com contas em atraso no mês. Foto: Estadão

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“É a primeira vez que estamos fazendo um feirão emergencial porque o número está se aproximando do pico da pandemia, é um número alarmante”, afirma Daniel Bizanha, gerente da Serasa para o Estado de São Paulo. 

A radiografia da inadimplência do consumidor feita pelo birô revela uma piora de dezembro para janeiro de todos os indicadores. Além do número de inadimplentes ter aumentado 1,32% ante dezembro, a quantidade total de dívidas subiu 2,77% e atingiu 219,5 milhões. O valor médio da cada dívida por pessoa subiu 2,13% de dezembro para janeiro e atingiu R$ 4.022,52.

A inadimplência dos serviços de utilidade pública, que englobam contas de água, luz, gás, por exemplo, representa 23,7% das dívidas em atraso em janeiro, com tendência de crescimento. Em janeiro de 2020, esses serviços respondiam por cerca de 20% das dívidas em atraso.

  

O destaque do perfil da inadimplência durante a pandemia foi para o não pagamento de contas básicas, como água, luz, telefone. A maior fatia das dívidas continua em bancos e cartão de crédito, com 28,4%. O varejo representa 12,4% das contas não pagas. Uma pesquisa recente feita pelo birô mostrou que em dezembro do ano passado 70% dos brasileiros compravam alimentos no cartão de crédito. 

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“Isso mostrou que o consumidor está endividado não só por empréstimos e o comércio em geral, mas dívidas básicas, gás, energia e comida”, afirma Matheus Losi, gerente da Serasa para o Rio de Janeiro.

Logo após o pico da inadimplência, em abril de 2020, houve várias ações para reduzir esse número, como forte renegociação de dívidas, menos crédito no mercado. Agora, pela atual conjuntura, Losi diz que essas açõesnão deverão se repetir. Por isso, a necessidade de um feirão emergencial.

Estados

Amazonas lidera o ranking dos Estados mais inadimplentes proporcionalmente à população adulta, 52,30%, seguido pelo Amapá (48,32%) e o Distrito Federal (48,04%). A média de inadimplentes em relação à população adulta é de 40,3%. 

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O Estado de São Paulo, que concentra o maior número de inadimplentes do País, com 15,2 milhões, dos 29,3 milhões da região Sudeste, tem 42,35% da população adultainadimplente. O Estado do Rio de Janeiro foi o que teve o maior crescimento no número total de inadimplentes nos últimos 12 meses na região Sudeste, com alta de 9,13%.

Com o feirãoemergencial, a expectativa é a de que mais de 33 milhões de dívidas sejam renegociadas, com descontos de até 99% do valor da dívida. Cerca de cem empresas e bancos credores participam dofeirão. 

As dívidas poderão ser renegociadas por meio de canais digitais, aplicativo, WhatsApp, pelo site, telefone e 7 mil agências dos correios. Quem prefere negociar presencialmente, vai contar com uma tenda instalada no Largo da Batata, no bairro paulistano de Pinheiros, a partir do dia 15 deste mês.

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