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Quebra da empresa preocupa filial brasileira, que também sente a crise

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Por Redação
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Uma possível quebra da General Motors nos Estados Unidos, maior mercado mundial de veículos, não arrastaria a subsidiária brasileira, hoje entre as mais rentáveis do grupo. A filial, porém, está desamparada num momento em que começa a sentir os reflexos locais da crise financeira mundial. As vendas da marca diminuíram quase 20% em outubro na comparação com setembro, num mercado que caiu 11%. Diante dessa situação, deu férias coletivas nas quatro fábricas do País. Nos vários anos em que amargou prejuízos no Brasil, principalmente de 1999 a 2006, a GM foi sustentada pela matriz, que apoiou, inclusive, a construção de uma das fábricas mais modernas do grupo, em Gravataí (RS). Agora, tem de bancar investimentos com recursos próprios. A direção da empresa no País afirma que mantém seu plano de aplicar US$ 2,5 bilhões até 2012, e US$ 1 bilhão ainda precisa de aval da sede, mesmo que venha de recursos próprios. A dúvida é saber se a matriz, com as dificuldades que enfrenta, vai exigir mais participação nos dividendos, atrapalhando assim o projeto local. No ano passado, parte do lucro foi remetida aos EUA. O presidente da GM do Brasil, Jaime Ardila, não quis comentar o assunto. Ele marcou para amanhã uma entrevista coletiva à imprensa para esclarecer a posição da empresa diante da situação financeira da matriz nos Estados Unidos. IMAGEM Não se sabe também como o consumidor vai se comportar diante de uma falência da empresa-mãe. Quando a Fiat quase quebrou na Itália, no início dos anos 2000, o mercado brasileiro não sentiu nenhum abalo. Por lei, as empresas são obrigadas a garantir fornecimento de peças por dez anos após a descontinuidade de um veículo em produção. Para José Roberto Ferro, do Lean Institute, como companhia global, a crise na matriz pode sim afetar negativamente a imagem da filial brasileira. "É muito difícil que a empresa passe por uma crise global e o Brasil permaneça como uma ilha de prosperidade." Thomas Felsberg, do escritório de advocacia Felsberg&Associados, também acredita que uma falência no país-sede do grupo pode provocar perda de credibilidade nas filiais. "Já se a solução nos EUA for razoável, não haverá nenhuma conseqüência no Brasil", afirma. Para André Beer, da André Beer Consult, a operação brasileira é independente e sobreviverá à crise na matriz, que ele acredita será superada a médio prazo.

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