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Quebra nos EUA favorece indústria de sucos do Brasil

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A estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgada hoje, de que a safra 2007/2008 de laranja na Flórida será de 168 milhões de caixas (40,8 kg), deve pressionar ainda mais os preços do suco no mercado internacional, além de beneficiar a indústria processadora brasileira, a maior do mundo, e até mesmo os produtores da fruta. As exportações brasileiras, que movimentaram US$ 1,5 bilhão por ano, em 2006, e saltaram para US$ 2 bilhões neste ano, podem crescer ainda mais, principalmente entre 2008 e 2009, quando a próxima safra for negociada. A previsão do USDA foi abaixo de todas estimativas do mercado para a safra do estado norte-americano, segundo maior produtor mundial de laranja, atrás apenas de São Paulo. A respeitada consultora Elisabeth Steger falava em 198 milhões de caixas, a multinacional Louis Dreyfus Commodities estimava 180 milhões de caixas e as apostas de outros analistas garantiam que o USDA iria divulgar números entre 174 milhões a 200 milhões de caixas. Outro fator é a seca no maior pomar citrícola comercial do planeta, em São Paulo e no Triângulo Mineiro, que já supera 80 dias. A estiagem deve provocar uma quebra natural na safra 2008/2009 no Brasil, e uma florada consistente nas plantas cítricas só deve ocorrer em novembro, quando as chuvas voltarem e forem constantes. Isso pode adiar por três meses o início do processamento da próxima safra brasileira, para agosto de 2008, quando as frutas estiverem maduras. A indústria, com pouco estoque, terá problemas para abastecer o mercado entre maio e agosto do próximo ano sem a oferta da fruta. "A demanda é cresce no mercado pelo suco, a oferta é bem menor é os estoques são baixos. A estimativa do USDA acaba com as especulações e sinaliza para preços maiores e uma oferta reduzida num mercado comprador", disse Ademerval Garcia, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus). O executivo estava em viagem de Barcelona (Espanha), onde participou da World Juice 2007, para Colônia (Alemanha), cidade-sede feira de Anuga, a principal do mercado mundial de alimentos. Garcia explicou que os clientes com quem conversou em Barcelona já se conformaram com o aumento no preço do suco de laranja no mercado mundial, que deve ser acentuado ainda com a falta de opções entre os outros sucos. "O suco de maçã, por exemplo, que poderia substituir o de laranja, nunca esteve tão caro, o que é positivo", explicou o executivo. Outro fator que pode ampliar a pressão pelo aumento no preço internacional do suco de laranja é o greening, considerada a pior praga dos pomares. Nesta semana, o Fundo de Defesa da Citricultura anunciou a descoberta de uma segunda bactéria causadora da doença, que é incurável, atinge todas as variedades cítricas e já dizimou cerca de 1,5 milhão de plantas em 140 municípios de São Paulo desde 2004. Para piorar, o greening, antes restrito a regiões pouco tradicionais da Flórida, foi detectado também nos pomares comerciais do estado norte-americano.

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