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Quebra-quebra no Ceagesp deve pressionar inflação

De acordo com economistas, depredações em protesto devem afetar oferta de produtos e puxar preços para cima

Por Denise Abarca , Maria Regina Silva e da Agência Estado
Atualização:

SÃO PAULO - O tumulto causado nos armazéns da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp) na última sexta-feira, em razão de protestos, e uma possível retomada da cobrança do estacionamento do local devem aparecer na inflação, afirmam economistas consultados pela Agência Estado.

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Os manifestantes atearam fogo em caixas de frutas, cabines de fiscalização, caçambas, um armazém e em ao menos um caminhão no pátio, o que pode afetar a oferta dos produtos e puxar os preços para cima no curtíssimo prazo. Após as manifestações, a cobrança foi suspensa nos próximos meses e a direção do Ceagesp afirmou que outras formas de financiamento serão estudadas, mas não descartou a possibilidade de retomá-la.

Embora seja difícil quantificar o impacto dos protestos e de uma possível futura cobrança na inflação, fato é que ocorrem num período de forte pressão nos preços dos alimentos, sobretudo in natura e grãos, provocados por choques de oferta decorrente da falta de chuvas. "Em termos de momento propício, com os preços nas alturas, não há momento melhor (para o repasse)", disse o economista Fábio Romão, da LCA Consultores. "Estimar o quanto vai aparecer é difícil, mas pode ter desdobramento, sim", completou.

Na avaliação do economista Paulo Picchetti, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ainda é difícil precisar o impacto da eventual retomada da cobrança no estacionamento e de possíveis problemas de abastecimento. A despeito de o fato estar restrito a São Paulo, a inflação da cidade tem o maior peso, ainda que não envolva outras capitais. "Certamente, não deve ser no sentido de ajudar", afirmou, lembrando que os preços dos alimentos seguem acelerando. No IPC-S da segunda leitura de março, o grupo Alimentação avançou a 1,59%, ante 1,17% na primeira quadrissemana, conforme a FGV.

A economista Basilki Litvac, da MCM Consultores, também vê algum risco para a inflação. "A confusão de sexta-feira afetou a distribuição dos produtos neste final de semana, deixando alguns locais de compra desabastecidos. Acredito que esse evento ajude a sustentar as cotações, que já vêm elevadas por conta da questão climática", disse, em entrevista via AE Chat. "Já em relação à cobrança de estacionamento, as estimativas do setor indicam que esse custo será repassado aos preços, mas pode ser algo não muito relevante", completou.

Na Votorantim Corretora, o economista Carlos Lopes não descartou a hipótese de repasse aos preços, mas disse que, no IPCA, o efeito deve ser pequeno. "O impacto seria marginal no IPCA porque é só São Paulo. No IPC-Fipe deve ser mais significativo", afirmou.

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