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Queda das cotações do petróleo não deve provocar redução no preço de combustíveis

A opinião é de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Estado, que acreditam na manutenção da política de reajustes de médio prazo

Por Agencia Estado
Atualização:

A queda das cotações do petróleo nos últimos meses não deve provocar a redução do preço da gasolina e do diesel no Brasil este ano. A opinião é de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Estado, que acreditam na manutenção da política de reajustes de médio prazo, praticada pela Petrobras desde o início do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo projeções de especialistas, a gasolina no Brasil está hoje entre 15% e 20% mais cara do que no exterior. "A Petrobras ficou grande parte do ano praticando preços mais baratos e é natural que agora passe um tempo cobrando mais caro", avalia o analista Luiz Otávio Broad, responsável pela área de petróleo da Ágora Corretora, resumindo a opinião dos entrevistados. A estatal já começou a repassar a queda do preço para produtos menos populares, como nafta petroquímica e querosene de aviação, mas gasolina e diesel permanecem sem alterações desde setembro do ano passado. A estatal confirmou que não há, no momento, decisão de ajustes nos preços da gasolina e do diesel. Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa afirma que continua aguardando que os preços internacionais se estabilizem em um novo patamar para avaliar a necessidade de reajustes. Quando a empresa aumentou os preços pela última vez, as cotações internacionais estavam em um nível semelhante ao atual, em torno dos US$ 60 por barril. "A queda no preço do petróleo é recente e a Petrobras tende a manter preços no médio prazo. A não ser que seja uma decisão política, não acredito em repasse", afirmou o analista Emerson Leite, do Credit Suisse First Boston (CSFB). O mercado acredita que as cotações internacionais devem se manter no atual patamar até o fim do ano. "Depois que passar a pressão vendedora no mercado, os preços devem se estabilizar", diz Ricardo Junqueira, da Ático Asset Management. De fato, nesta quarta-feira as cotações voltaram a subir, por conta de distúrbios na Nigéria. Em Nova York, os contratos de petróleo bruto para novembro fecharam a US$ 59,41 por barril, em alta de US$ 0,73. Em Londres, o petróleo Brent para novembro fechou a US$ 59,22 por barril, em alta de US$ 0,79. A alta foi motivada pelo temor de interrupção da produção nigeriana, já que grupos paramilitares anunciaram uma ofensiva contra as empresas do setor. Nesta quarta, guerrilheiros atacaram tropas do governo e um comboio que transportava petróleo no sul do país. De qualquer maneira, a tendência é que as cotações não subam a patamares verificados no primeiro semestre, acima de US$ 70 por barril, apontam especialistas. Há boas notícias na relação entre produção e demanda mundial por petróleo e derivados, que devem sustentar os níveis atuais. No Brasil, o principal reflexo até agora foi a redução de 12% no preço do querosene de aviação, que praticamente zerou a alta acumulada durante o ano. Entre cinco analistas entrevistados, apenas um, que não quis se identificar, previu queda nos preços da gasolina e do diesel. Ele não acredita, porém, que a medida será tomada em meio ao processo eleitoral.

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