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Queda do dólar impede alta maior da indústria em 2006

Influenciada pela queda de três segmentos em especial, produção industrial cresceu 2,8% em 2006, desempenho inferior à alta de 3,1% apurada em 2005

Por Agencia Estado
Atualização:

Três segmentos da indústria contribuíram especialmente para que o setor não registrasse uma expansão maior no ano passado e ambos têm em comum o câmbio como principal entrave para o crescimento. O principal impacto negativo para a indústria em 2006 foi dado pela atividade de madeira, com queda de 6,9% na produção. Em seguida, as principais influências de queda, nessa ordem, foram dadas por vestuário (-2,0%) e outros produtos químicos (-0,9%). O peso desses segmentos na estrutura da pesquisa industrial mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aliado aos recuos na produção, determinou a influência negativa. A produção industrial cresceu 2,8% em 2006, em desempenho um pouco inferior à expansão de 3,1% apurada em 2005. A gerente de análises e estatísticas da coordenação de indústria do instituto, Isabella Nunes, explica que, no caso da madeira, a queda na produção no ano passado foi determinada pelo câmbio, já que essa atividade é exportadora, e também pelo aumento da fiscalização ambiental. O economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Edgard Pereira, explica que o câmbio está reduzindo a competitividade dos produtores de madeira, que dependem do mercado externo. "As exportações de madeira perderam muita força, porque há pouca rentabilidade", disse. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, as exportações de madeira compensada caíram 17,2% em 2006 ante 2005, em cima de uma queda forte (-12,0%) que já tinha ocorrido nas vendas externas desses produtos em 2005 na comparação com 2004. No que diz respeito à indústria do vestuário, Isabella lembra que este é um dos setores mais afetados pelo câmbio. Pereira também destaca os problemas que o dólar baixo tem representado para essa atividade, que vem enfrentando uma concorrência desleal de produtos vindos sobretudo da China, mas também de países como a Índia. Segundo os dados do ministério, as importações do segmento de vestuário e outras confecções cresceram 64% em 2006 ante o ano anterior. O crescimento anual ocorreu sobre uma base já muito elevada, já que, em 2005, as importações desses produtos tinham crescido 54,6% ante 2004. Somente em dezembro do ano passado, o aumento das importações de vestuário chegou a 116% na comparação com igual mês do ano anterior. Por sua vez, a queda na fabricação de produtos químicos ocorreu de forma predominante em herbicidas e filmes e papéis fotográficos, segundo explica Isabella. Ela observa que o mau desempenho desse segmento está relacionado à crise agrícola de 2005, que respingou sobre o ano passado e, no caso dos materiais fotográficos, à substituição das máquinas tradicionais pelas digitais. Porém, Pereira, do Iedi, garante que também neste caso há influência negativa do câmbio. Segundo ele, há hoje muita importação de herbicidas da China, a custos muito baixos para os importadores, o que torna muito difícil a situação dos fabricantes brasileiros desses produtos. O Ministério do Desenvolvimento não tem disponíveis dados específicos sobre a balança comercial de herbicidas, produto que é computado junto com inseticidas e outros.

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