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Queda do varejo segue a tendência do PIB

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Por Redação
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O comportamento das vendas do varejo em julho – queda no conceito restrito, que exclui veículos e material de construção, de 1% em relação a junho e de 3,5% comparativamente a julho de 2014, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – mostra que o consumo está em franco declínio, empurrando para baixo o Produto Interno Bruto (PIB), cuja queda já é estimada entre 2,5% e 3% neste ano, a maior desde o início dos anos 1990. Embora o peso do varejo no PIB seja inferior a 10%, o setor é um termômetro valioso do ritmo de atividades, refletindo tendências tão diversas como a das oscilações do poder de compra das famílias e a evolução das vendas industriais destinadas ao mercado interno. Com a exceção de outros artigos de uso pessoal e doméstico, todos os itens do varejo restrito acusaram queda em julho, inclusive super e hipermercados (-1% no mês e -2% em relação a julho de 2014), um bom indicador das despesas com alimentação. Em resumo, as famílias estão cortando despesas básicas, o que também ficou evidente no recuo do consumo de vestuário, móveis e eletrodomésticos e até no de produtos farmacêuticos (-1,1% no mês) – um dos raros segmentos em que a atividade continua forte (+6,1% nos últimos 12 meses, comparativamente aos 12 meses anteriores). Por questões sazonais, o comportamento do varejo ampliado foi menos ruim em julho (queda de 0,6%), porque as vendas de automóveis cresceram. Mas, na comparação entre julho de 2014 e julho de 2015, o recuo do varejo ampliado foi de 6,8%, chegando a 13,3% em veículos e motos, partes e peças. Também foi fraco o desempenho de materiais de construção (-2,4% em julho e -7,1% em relação a julho de 2014), mostrando a dificuldade das famílias de reparar ou ampliar as moradias. As vendas do varejo não apenas são as piores da série histórica do IBGE, iniciada em 2000, como não há sinais de recuperação. O economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), admite que o varejo poderá cair por dois anos consecutivos (2015 e 2016), na falta de perspectivas para o emprego e com crédito contido. Um cenário menos desanimador dependerá da queda da inflação, permitindo alguma melhora da renda dos trabalhadores que continuarem ocupados. Mas entre os problemas do varejo está o de que o juro só deverá ceder quando as perspectivas de controle da inflação estiverem consolidadas.

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