Os números da balança comercial brasileira de maio, divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, evidenciam retração nos fluxos de exportação e importação, com queda de quase 5% na corrente de comércio. O pequeno superávit de US$ 712 milhões, pior resultado do mês nos últimos 12 anos, não foi suficiente para reverter o déficit acumulado no ano, de US$ 4,85 bilhões.
A redução nas transações comerciais com o exterior confirma o esfriamento da economia brasileira, conforme apontado pelo IBGE no PIB de 0,2% no primeiro trimestre, motivado especialmente pelo fraco desempenho da indústria e dos investimentos. Essa situação tende a permanecer, pois em maio houve queda de 7,1% nas importações de bens de capital, com destaque para a queda de 23,8% nas compras de maquinaria industrial, afetando investimentos. Houve também queda de 5,6 % nas importações de bens duráveis, causada sobretudo pela redução de 11,8% nas compras de automóveis e de 13,1% em máquinas e eletrodomésticos. Dos principais produtos de exportação, o que chama atenção é que, ao contrário de abril, houve queda quase generalizada nas cotações das commodities, embora tenha havido aumento em café, carnes bovina e suína, farelo de soja, couros, petróleo e óleos combustíveis. Em termos de mercados, causa preocupação a forte queda nas exportações para a China e para o Mercosul. No caso da China, a queda de 10,8% em maio é atenuada pelo acumulado do ano, com aumento de 6,7%. Mas, no caso do Mercosul, a queda no período janeiro-maio de 10,2% foi causada pela forte retração do comércio com a Argentina (-18,6%), com o qual houve também queda de 19,1% nas importações. A perda de dinamismo no comércio com a Argentina acentuou-se em maio, com queda de 25,8% nas exportações e 16% nas importações. Visto esse cenário, resta esperar que o desempenho negativo de maio, particularmente no comércio com a China, que tem sido o polo dinâmico das exportações brasileiras, seja episódico e não afete o resultado consolidado do ano. A mesma expectativa se aplica às exportações aos EUA, que vinham crescendo e tiveram ligeiro declínio em maio. Já o comércio com a Argentina, terceiro maior mercado para nossas vendas, deverá ser bastante afetado pelo forte declínio observado nos cinco primeiros meses do ano. Assim, analisado pela ótica das exportações, esse quadro sinaliza déficit comercial. Todavia, a queda das importações devido à redução da demanda indica superávit. O que prevalecerá na balança comercial será conhecido nos próximos meses. *Presidente da AEB