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Queda nas tarifas reduz competitividade da energia solar e pode retardar leilão

Redução altera a competitividade da fonte solar no curto prazo e pode retardar realização de leilão de energia solar, segundo diretor EPE

Por Luciana Collet (Broadcast) e da Agência Estado
Atualização:

SÃO PAULO - A redução das tarifas de energia, decorrente da renovação das concessões e corte dos encargos setoriais, altera a competitividade da fonte solar no curto prazo e pode retardar a realização de um leilão de energia solar, segundo o diretor da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) Amilcar Guerreiro. Ele salientou, porém, que as condições de inserção desta fonte na matriz energética nacional permanece para os próximos anos.

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"É claro que, com a redução das tarifas, a energia solar perde um pouco a competitividade, mas as condições de inserção permanecem válidas, porque há uma tendência estrutural de queda do custo dos painéis fotovoltaicos", comentou, após participar da conferência "O Futuro Solar: Brasil", que se realiza hoje em São Paulo.

Durante sua apresentação no evento, ele citou estudo feito pela EPE sobre o potencial solar do Brasil, que mostrou que atualmente já existem áreas de concessão de distribuição com tarifas mais altas que o custo do MWh solar estimado, o que poderia estimular, principalmente, projetos de geração distribuída, ou seja, pequenas unidades localizadas perto das áreas de consumo. Vale ressaltar, porém, que o levantamento foi feito sem levar em consideração a prevista redução da tarifa e novos cálculos deverão ser feitos.

Ainda conforme o estudo, no caso de grande projetos de geração solar, o custo da energia solar fotovoltaica ainda é muito elevado, da ordem de R$ 405 por megawatt-hora (MWh), significativamente superior ao preço médio obtido no último leilão de energia nova, realizado em novembro do ano passado, da ordem de R$ 100/MWh. Mesmo considerando medidas como redução da taxa de juros dos financiamentos e incentivos fiscais, sugeridos pela EPE ao Ministério de Minas e Energia, a geração centralizada de energia solar teria custo de R$ 302/MWh.

Leilão

Questionado por participantes da conferência sobre a possibilidade de realização de um leilão exclusivo para a fonte solar, para estimular sua inserção, Guerreiro disse que "a redução de tarifa pode retardar um pouco" e indicou que, como os custos da energia solar estão caindo, "é o tempo de amadurecer", sinalizando que o desenvolvimento da energia solar deveria ser iniciado pela geração distribuída.

Quando perguntado, depois, por jornalistas, se teria sido adiado o plano de realização de um leilão solar em 2013, como havia sido sinalizado pela EPE, o executivo disse apenas que também é necessário levar em consideração o mercado consumidor. "Este ano, o consumo vinha morno e agora é que sinaliza que vai melhorar", comentou.

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Queda no custo

O diretor presidente da Solarplaza, empresa holandesa organizadora do evento, destacou, em sua apresentação, que grande parte das maiores fabricantes de painéis fotovoltaicos está enfrentando um período difícil, tendo em vista a crise europeia, com perspectiva de mais quatro anos em situação similar. "Os preços estão entrando em colapso, a queda no preço da energia solar caiu 50% no último ano", comentou.

Ele ponderou, no entanto, que com nos novos patamares de preço haverá oportunidade de atrair novos mercados. "Leva-se de três a quatro anos para se desenvolver um mercado", disse.

Mas Guerreiro sinalizou que essa queda, em grande parte observada em decorrência de uma crise econômica, pode ter deixado o preço em um valor abaixo do que deveria estar, e se configuraria em uma situação transitória. "Mas também é verdade que o desenvolvimento do mercado e de novas tecnologias também reduz os custos, há uma redução estrutural, mas talvez não no nível que vemos hoje."

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