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Queda no consumo inibe retomada da atividade econômica

Ajuste fiscal das famílias puxa queda na indústria e no comércio; fabricantes têm dificuldades para repassar alta de custos

Por Daniela Amorim (Broadcast) e Idiana Tomazelli
Atualização:

Necessário diante da alta no desemprego e da queda na renda das famílias, o ajuste fiscal domiciliar acaba reforçando o processo de queda na atividade econômica. O consumo das famílias, antes motor da economia brasileira, deve ter registrado em 2015 o pior desempenho em 25 anos, arrastando consigo o comércio e a indústria.

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A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que as vendas no varejo tenham recuado 4,1% no ano passado e que encolham outros 3,7% em 2016. Já a produção nacional de bens de consumo despencou 9,5% de janeiro a novembro de 2015. 

Só a fabricação de bens duráveis, que incluem automóveis e eletrodomésticos, foi cortada em 18,3%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Repasse. Mesmo diante do encarecimento de insumos, fabricantes estão enfrentando dificuldades para repassar os aumentos de custos para os preços de seus produtos, sob o risco de perder a parte da demanda que sobrou. 

Segundo a CNC, a avaliação do consumidor sobre o momento para compra de bens duráveis permanece em pisos históricos. “Tudo leva a crer que sim, a redução no consumo deve continuar”, diz a economista Marianne Hanson, da CNC.

“O mês de janeiro já começou sofrível (para a produção de eletrodomésticos) em relação ao mesmo mês do ano passado”, alerta o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula. A entidade reúne os maiores fabricantes de produtos eletrodomésticos e eletroeletrônicos do País.

Além da inflação elevada e da confiança em baixa, o consumo ainda compete neste início de ano com algumas despesas essenciais para as famílias, como mensalidades escolares e transporte público (diante dos reajustes), além da cobrança de impostos como IPVA e IPTU.

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“O orçamento das famílias fica mais comprometido com uma série de gastos que são mais difíceis de cortar”, lembra Marianne, da CNC. “As dificuldades crescentes em relação ao crédito, mais escasso e caro, também são uma questão que dificulta que as famílias continuem consumindo”, observa. 

Salários. A FGV projeta nova redução da massa salarial em 2016, puxada pela deterioração no mercado de trabalho e nova rodada de aumentos na taxa de desemprego. A taxa de desocupação no Brasil subiu para 8,9% no terceiro trimestre de 2015, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados pelo IBGE. É a maior taxa da série histórica, iniciada em 2012. 

Por isso, o ajuste nas contas das famílias deve continuar, independentemente da moderação dos gastos e do vencimento gradual de dívidas já contraídas. 

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