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‘Queda reflete o que está na mesa hoje’, afirma Armando Castelar

Rebaixamento neste momento é positivo para equipe de Temer porque situação pode ser tratada como herança, diz Castelar

Por Luiz Guilherme Gerbelli
Atualização:

Para o coordenador de Economia Aplicada do Ibre/FGV, Armando Castelar, a decisão da Fitch de rebaixar novamente a nota brasileira reflete a piora do quadro da economia do País. “A decisão reflete a dinâmica muito ruim das contas públicas e o fraco desempenho da economia”, diz. A seguir, trechos da entrevista. 

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Como o sr. analisa a decisão da Fitch? No ano passado, a Fitch rebaixou em outubro e em dezembro. Na segunda vez, ela colocou que o risco de uma nova redução viria se o crescimento fosse pior e a questão fiscal não se controlasse. E efetivamente a situação está pior do que se previa. A decisão é consistente com o que eles haviam sinalizado no fim do ano passado. Reflete a dinâmica muito ruim das contas públicas e o fraco desempenho da economia. Imagino que possa ter entrado nessa equação a situação difícil da Petrobrás, da Eletrobrás e dos bancos públicos. São questões que podem acabar impactando a dívida pública, ainda que não estejam nos números. 

A decisão traz algum impacto nesse momento em que existe a possibilidade de uma troca de governo? Pode se acreditar que a agência esperaria um eventual novo governo para analisar quais tipos de medidas seriam anunciadas. Nesse sentindo, surpreende um pouco. Por outro lado, para o próximo governo – se ele efetivamente ocorrer – é bom que o downgrade (rebaixamento) tenha acontecido agora.

Velocidade na adoção das medidas determinará retomada da nota, diz Castelar Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

Por quê? Deixa claro que o downgrade reflete o que está na mesa. É uma situação herdada extremamente complicada e responsabiliza a administração atual pela situação.

As agências estão reduzindo a nota brasileira com frequência. Um eventual governo Temer pode estancar esse movimento? Acho que pode. A oportunidade está colocada. Já existe algum otimismo. Obviamente, depende do que o novo governo fizer, mas seja pelas pessoas que estão sendo cogitadas pelo governo, seja pelas ideias que estão discutidas, existe um reconhecimento de atacar a situação fiscal e de criar canais para que a economia volte a crescer.

Na agenda de um eventual governo Temer, o que o sr. enxerga como fundamental, sobretudo para a área fiscal? A questão mais importante é dar um horizonte aos investidores e para as pessoas de forma geral. É importante sinalizar uma trajetória de que a dívida pública não vai explodir e que as coisas vão melhorar para os empresários. A Fitch rebaixou o País porque a economia está contraindo num ritmo muito forte. Se o governo for capaz de criar um ambiente de mais confiança, aos poucos a economia se recupera. Já há sinais positivo. Existe a perspectiva de redução dos juros com uma inflação mais controlada. Um sinal de estabilização na produção industrial. Com a economia parando de cair, pode haver alguma animação importante. 

Se as medidas saírem do papel, vai ser rápido para o Brasil subir nas escalas da agência? As agências vão querer ver as medidas se consolidarem. Será proporcional à velocidade que o País conseguir progredir. 

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