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'Quem estava tentando voltar a trabalhar precisou se reinventar', diz motorista de aplicativo

O carioca Thiago Fernandes viu a perda do emprego de vendedor como um 'empurrão' para começar a trabalhar por conta própria

Por Douglas Gavras
Atualização:

Quando o carioca Thiago Fernandes, de 34 anos, foi demitido de uma loja roupas em que trabalhava como vendedor no Rio de Janeiro, em 2015, a queda nas vendas já dava sinais claros de que algo não andava bem na economia. Nos meses seguintes, o Brasil mergulharia na recessão – da qual ainda não se recuperou por completo. “Quase ninguém ficou livre da crise. As pessoas estavam preocupadas em economizar e a gente via a comissão pelas vendas caindo.”

Vendedor deixou loja para ser motorista de aplicativo. Foto: WILTON JUNIOR / ESTADAO

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Fora do emprego no comércio, ele resolveu começar a trabalhar como motorista de aplicativos para manter as contas da casa e os dois filhos. “Por um lado, já tinha vontade de deixar aquele emprego. Queria muito poder trabalhar por conta própria e ser meu próprio chefe. Foi até um empurrão.”

Com o tempo, o que Thiago passou a ganhar com as corridas por aplicativo virou a principal fonte de renda da família. “Como as corridas são sempre pagas por cartão de crédito, acabo recebendo uma vez por semana e sempre tenho o suficiente para me manter. Só falta conseguir tirar férias”, diz.

Ele conta que teve de se reinventar. “O mercado de trabalho entrou em momento tão ruim, que mesmo os trabalhadores mais jovens, como eu, tiveram dificuldade de se recolocar profissionalmente. Quem estava tentando voltar a trabalhar precisou se reinventar, muitos acabaram só conseguindo um salário bem abaixo do que ganhavam antes.”

Hoje, como motorista do aplicativo Cabify, ele conta que já consegue ganhar o dobro dos R$ 3 mil que recebia por mês no antigo emprego. Com a renda, consegue também pagar um plano de saúde para a família e recolher o INSS, como autônomo.

“Como eu já tinha um carro e gostava de dirigir, vi uma oportunidade de voltar para o mercado de imediato. Sei que a maior parte das pessoas que foram afetadas pelo desemprego e ainda não conseguiu se recuperar. Mas acabei tendo sorte. No fim, saí melhor da crise do que tinha entrado.”

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