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Queremos ajudar no desenvolvimento sustentável e inclusivo do País, diz especialista

Aldemir Drummond, coordenador do projeto 'Imagine Brasil', quer, por meio da iniciativa, formular planos e propostas para tirar o País do atual cenário de estagnação econômica, desigualdade e destruição do meio ambiente

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Atualização:

Diante do contexto de estagnação econômica, desigualdade social, destruição do meio ambiente, pandemia e crise política, a Fundação Dom Cabral (FDC) lançou a iniciativa “Imagine Brasil” para estimular a formulação de planos e propostas para o Brasil sair dessa situação.

“Queremos ser um dos protagonistas de mudanças para um desenvolvimento mais sustentável e inclusivo do País por meio de um projeto integrado”, afirma Aldemir Drummond, professor na área de estratégia e coordenador do projeto. Abaixo, trechos da entrevista:

Aldemir Drummond: 'Nossa intenção é mobilizar a sociedade para implementar essas propostas'. Foto: Leo Drumond/Nitro - 4/2/2016

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Como é a atuação do Imagine Brasil?

Primeiro buscamos uma referência conceitual e decidimos trabalhar com aspirações e performance, conceito desenvolvido nos anos 50 por Herbert Simon, Prêmio Nobel de Economia. Estamos reunindo grupos de 12 ou 13 pessoas de diferentes segmentos da sociedade para discutir uma única questão: qual sua aspiração para o Brasil até 2030? Os desejos e sonhos desse grupo vão puxar as propostas de performance, outro grupo formado por professores da FDC e alguns dos participantes das equipes de aspirações que vão trabalhar paralelamente para encontrar eixos de convergências e o que é preciso para implantar as propostas.

Quem participa dos grupos?

Convidamos pessoas que sejam representativas do segmento em que atuam, com bom trânsito e que tenham posições diversas. Essas pessoas precisam concordar com três princípios: respeito à democracia, independente de poderes; defesa da inclusão social como necessidade fundamental para a dignidade da população; e necessidade de preservação ou regeneração ambiental compatibilizada com o desenvolvimento econômico sustentável. Temos, por exemplo, ex-ministros, empresários, presidentes de ONGs, lideranças comunitárias e militares.

Quais os segmentos escolhidos?

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Já tivemos encontros com educadores, pessoal da área de defesa e segurança, ambientalistas e líderes sociais. Outros grupos serão os de empresários, economistas, antropólogos/historiadores, cientistas, influenciadores digitais, juristas, ex-embaixadores e esportistas. Há encontros a cada 10 dias ou semanais e esperamos concluir os encontros até o fim do ano. No grupo de performance elegemos quatro eixos para trabalhar, que são o crescimento econômico com foco em produtividade, inclusão social e econômica com foco inicial em inclusão digital, meio ambiente e prosperidade, com foco ainda a ser definido e política pública e governança colaborativa. Esse último item é porque boa parte das mudanças implica em adequação ou criação de novas políticas públicas, mas sabemos que só o Estado não será suficiente. É preciso também uma participação maior do setor privado e do terceiro setor.

O que se espera dessas discussões?

A ideia é a construção de propostas de melhorias nesses quatro eixos. Queremos envolver os agentes responsáveis por suas implementações, sejam públicos, privados ou do terceiro setor. A maioria das iniciativas no Brasil, várias delas muitos interessantes, acaba num documento que normalmente é entregue ao governo, a instituições e candidatos políticos e fica parado. Nossa intenção é mobilizar a sociedade para implementar essas propostas.

Já há algum trabalho em andamento?

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O grupo de performance começou a trabalhar nas questões críticas da produtividade e vai desenvolver propostas. A ideia é atuar com diversas instituições. Não vamos fazer algo que outra instituição já esteja fazendo. Queremos somar forças. Não vamos esperar fechar todos os diálogos de aspiração, mas começar a trabalhar os temas que vão surgindo.

Em que momento haverá uma lista de propostas?

A expectativa é de que em meados de 2022 a gente tenha pelo menos um primeiro rol. Na área social já está colocado o tema da desigualdade digital. Vamos construir um panorama do acesso que as pessoas têm aos meios digitais, fazer um indicador, ver o que precisa em termos de estrutura. Parte disso pode ser via governo, mas parte pode ser via empresas privadas. Queremos trazer essas pessoas para o debate para avaliar o que precisa para efetivamente implementar isso. É financiamento, é recurso, é legislação? E a partir daí trabalhar com os diferentes agentes que possam ajudar na implementação. No debate com os educadores ficou muito claro que o acesso a digitalização vai ser uma necessidade crescente, e não só por causa da pandemia.

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Como se pretende mobilizar a sociedade em torno dessa iniciativa?

Uma aposta é por meio das próprias pessoas que estão participando dos diálogos que, como eu disse, têm representatividade grande nos meios em que atuam. Também queremos desenhar uma estratégia de comunicação ampla para que a iniciativa seja conhecida, tenha visibilidade, atraia mais pessoas que queiram colaborar. Precisamos de recursos, porque não é barato, nem simples. Estamos fazendo um projeto para capturar recursos. Eventualmente para a parte de pesquisa pode-se conseguir algum financiamento internacional. Mas hoje o principal foco são as empresas, pois acreditamos que muitos empresários concordam que várias dessas pautas são necessárias para o País. Queremos também fazer uma série de podcasts desse tema de aspiração brasileira porque em cada encontro há subtemas que merecem aprofundamento.

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O sr. pode citar alguns participantes dos grupos?

Eles foram convidados e toparam participar, mas não significa que estão trabalhando (no projeto) no dia a dia. Mas todos manifestaram interesse em continuar discutindo e expandir essa discussão para a sociedade. Entre eles estão Claudio Moreira Castro, especialista em educação profissional; Fernando Abrucio, da FGV e do conselho do Todos pela Educação; Henrique Paim, ex-ministro da Educação; Ricardo Henriques, do Instituto Unibanco, o empresário Marcelo Brito, presidente da Abag; Carlos Eduardo Young, economista da UFRJ; Braulio Dias, membro do secretariado da ONU em Biodiversidade; Virgilio Viana, da Fundação Amazônia Sustentável, Ana Toni, do Instituto Clima e Sociedade; Raul Jungmann e Fernando Azevedo e Silva, ambos ex-ministros da Defesa, Edson Pujol, ex-ministro do Exército; e Mariana Nascimento, que trabalha na Escola Superior de Guerra.

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